Ovações a Bolsonaro? "É-me indiferente. Eu venho representar Portugal"

"Portugal esteve presente naquilo que é um momento histórico", diz Marcelo, referindo-se às comemorações dos 200 anos do Brasil.

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© EVARISTO SA/AFP via Getty Images

Beatriz Cavaca com Lusa
07/09/2022 17:08 ‧ 07/09/2022 por Beatriz Cavaca com Lusa

País

Marcelo

Depois de uma cerimónia institucional com ambiente de campanha eleitoral, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu, esta quarta-feira, que a sua participação nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, a convite de Bolsonaro, serve para "representar Portugal num momento histórico" e que aconteceria "fosse qual fosse o presidente".

Questionado sobre as ovações ao polémico presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante as cerimónias e a possível associação a um momento de campanha eleitoral, o presidente esclareceu que está no Brasil "num gesto histórico" e negou desconforto por ter assistido ao desfile cívico-militar do 7 de Setembro ao lado de Jair Bolsonaro.

Em declarações à comunicação social, num hotel em Brasília, Marcelo Rebelo de Sousa disse que "de onde estava não ouvia" as palavras de ordem que foram gritadas pela multidão em apoio ao Presidente do Brasil e contra Lula da Silva, seu adversário na campanha em curso para a eleição presidencial de 2 de outubro.

Questionado se estava confortável por ter estado nesta cerimónia, o Presidente português respondeu: "Sim, sim" e ainda comparou a situação com a que viveu no 10 de junho. "Eu estava a ir a pé e a atravessar um percurso com pessoas de um lado e de outro e ser ovacionado por razões que não tinham certamente a ver com o 10 de junho, mas com a simpatia das pessoas em relação a mim".

Já sobre a visita ao Brasil, conclui: "Ontem fui ovacionado, hoje dividiram-se as opiniões, é a política". Por isso, independentemente do que se ache sobre Bolsonaro, diz estar no Brasil "para representar Portugal num momento histórico fosse qual fosse o presidente".

Eu estou aqui para representar Portugal num momento histórico, fosse qual fosse o Presidente. As pessoas têm de perceber o seguinte: a campanha eleitoral dura X tempo, o mandato do Presidente dura muito mais e a História de 200 anos dura muito mais. E o que fica para a História é que Portugal esteve presente num momento histórico", declarou.

O Presidente português argumentou ainda que "Portugal tem relações diplomáticas com democracias e com ditaduras", referindo que recebeu chefes de Estado e visitou países "independentemente de os regimes serem parecidos ou não, de as personalidades serem parecidas ou não, de as conjunturas políticas serem parecidas ou não".

"O que interessa é que há um milhão de portugueses a viver no Brasil e há 250 mil brasileiros a viver em Portugal, e esses continuarão a viver qualquer que seja o Presidente, qualquer que seja o Governo, e a minha função é representar a nação portuguesa", defendeu.

Notícias ao Minuto Marcelo no centro da tribuna junto a Bolsonaro no desfile cívico-militar© EVARISTO SA/AFP via Getty Images  

Marcelo Rebelo de Sousa falou da independência do Brasil como "motivo de orgulho para Portugal", proclamada "através de um português, príncipe filho de um rei português", D. Pedro.

"Um português, príncipe filho de um rei português, proclama a independência do Brasil. Isso é o que fica para a História. Para a História não fica, se não de forma circunstancial, se havia um acontecimento da política interna ou não", sustentou.

Sobre o formato deste desfile, assinalou que "teve duas partes, uma parte cívica e uma parte militar", e contou que o vice-presidente do Brasil, o general Hamilton Mourão, lhe foi explicando algumas das capacidades militares brasileiras.

O Presidente português elogiou a opção de incluir no desfile "as bandeiras que desde o tempo em que o Brasil integrava o império português eram as bandeiras oficiais de forças armadas que viriam a ser brasileiras".

No seu entender, o mesmo deveria ser feito em Portugal.

No fim destas declarações à imprensa, apoiantes de Bolsonaro presentes naquele hotel de Brasília, vestidos de verde e amarelo, aproximaram-se e aplaudiram Marcelo Rebelo de Sousa.

Depois, dirigiram-se para os jornalistas portugueses desafiando-os a entrevistarem-nos, alguns rodearam uma jornalista em particular, com a qual trocaram palavras em tom mais agressivo, e acabaram a gritar "comunistas".

[Notícia atualizada às 20h57]

Leia Também: Marcelo no centro da tribuna ao pé de Bolsonaro no desfile cívico-militar

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