Temido assume "responsabilidade" pela morte de grávida e continua na AR
Marta Temido, que vai continuar no Parlamento como deputada, admitiu que deixou o cargo de ministra devido à morte de uma grávida, no passado mês de agosto.
© Carlos Pimentel/Global Imagens
País Saúde
A agora ex-ministra da Saúde Marta Temido confirmou, este sábado, que o episódio da morte de uma grávida transferida do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, foi o que levou à sua demissão, uma vez que entendeu que era necessário que houvesse uma "responsabilização".
Após a tomada de posse de Manuel Pizarro como ministro da Saúde, Marta Temido recordou o que a levou a cessar funções e a explicação dada ao primeiro-ministro.
"Entendi que, na altura, era a circunstância de ter acontecido um episódio que, não tendo direta relação com o desempenho assistencial do Serviço Nacional de Saúde, era um episodio de uma gravidade tal que era necessário que houvesse uma responsabilização", disse, em declarações aos jornalistas, lembrando a morte de uma grávida transferida do Hospital de Santa Maria.
"Como sempre disse, a primeira responsável pelas coisas que correm bem e mal no Ministério da Saúde é a ministra e, portanto, a ministra entendeu que estava criado o ambiente que exigia que houvesse uma responsabilidade pessoal, e eu entendi que ela devia ser minha, foi isso que aconteceu", acrescentou.
Apesar de destacar que ser ministra foi uma "tarefa muitíssimo difícil e exigente", Marta Temido disse também estar "grata" por "cada um dos dias" em que pôde "servir" o país, o Governo e o SNS.
"Tenho a consciência de que há momentos na vida e na vida politica, em que a forma como somos encarados pode ser como fazendo parte da solução ou como fazendo parte do problema. E eu considerei que a forma como, de alguma forma, o setor perspectivava a ministra da Saúde era como fazendo parte mais do problema do que da solução", notou.
Questionada sobre um possível "amargo de boca" relativamente aos médicos, Marta Temido negou e disse que "não é momento de avaliações", mas sim de "continuar a construir".
"Não tenho amargos de boca, felizmente. Todos nós temos algumas marcas mais negras no coração, mas não tenho amargos de boca", respondeu.
Temido aproveitou ainda para deixar uma "palavra de agradecimento aos portugueses", de quem sempre "sentiu um enorme carinho", à "comunicação social", ao "primeiro-ministro, colegas de Governo, dirigentes dos serviços do Ministério da Saúde" e à "equipa" que a apoiou durante os seus anos de governação.
Interrogada sobre um conselho para Manuel Pizarro, que agora a substitui, Temido foi clara: "Se os conselhos fossem bons, não se davam, vendiam-se. Não há conselhos", disse, desejando-lhe as maiores felicidades naquele que é "um trabalho muito importante".
Por fim, a agora ex-governante confirmou que vai assumir as suas "responsabilidades" como deputada, "com muito orgulho", após ser questionada sobre o seu futuro na vida política.
"Eu não acredito em que diz que não é politico e eu tenho a política dentro de mim", concluiu, referindo que a política não é um exercício que se faça só "no palco ou na exposição", é "um exercício de cidadania".
[Notícia atualizada às 19h26]
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