O Patriarcado de Lisboa encaminhou para o Ministério Público uma lista com os nomes e os dados de sete sacerdotes suspeitos de abusos sexuais de menores, à qual teve acesso pela iniciativa do padre ‘Cardoso’ que, em abril, deu conta de suspeitas sobre 12 sacerdotes, alguns deles ainda no ativo.
Segundo o jornal Expresso, o Patriarcado de Lisboa está a analisar a informação encaminhada para o Ministério Público, confirmando que, “a pedido da Comissão Diocesana de Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa, o padre ‘Cardoso’ fez chegar um documento onde são referidos sete alegados casos, todos ocorridos há décadas”. Entre os casos, quatro são públicos, dois referem-se a sacerdotes já falecidos, e um diz respeito a um sacerdote que deixou de exercer o ministério.
A lista contempla sete dos 12 sacerdotes, alguns dos quais ainda no ativo, cujos nomes foram revelados pelo padre ‘Cardoso’ à comissão responsável pela investigação das denúncias de abusos sexuais no seio da Igreja nos últimos 50 anos. O padre salientou, em declarações ao mesmo meio noticioso, que se encontra “disponível para prestar todas as informações que achar pertinentes” ao Patriarcado de Lisboa, uma vez que se trata de “uma lista mais pequena, circunscrita aos padres de Lisboa”.
O documento está, também, a ser analisado pela comissão liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht que, até ao final do ano, deverá fazer um levantamento das denúncias dos últimos 50 anos.
Na sequência da reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), realizada na segunda-feira, a entidade confirmou que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja vai concluir o seu relatório em dezembro, "prevendo-se a sua divulgação pública para meados de janeiro de 2023".
Recorde-se que, em julho, o Ministério Público abriu 10 inquéritos a partir das 17 denúncias anónimas reportadas pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica em Portugal, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
Dos inquéritos instaurados, sete encontram-se em investigação e três (na sequência de quatro situações denunciadas) foram arquivados: um por prescrição, outro porque se apurou que os factos já tinham sido julgados e alvo de condenação num outro processo, e um terceiro por falta de provas.
De notar ainda que o Papa Francisco descreveu os abusos como algo "monstruoso" e "diabólico", defendendo, em entrevista à TVI/CNN Portugal, que deve existir "tolerância zero" para os seus perpetuadores.
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