"Cobiçar" as Selvagens? "Marinha tem meios para que ninguém tenha ideia"

O chefe do Estado-Maior da Armada, Gouveia e Melo, assegurou, esta sexta-feira, que a Marinha tem os meios necessários para que "ninguém tenha alguma ideia de pensar" que as Selvagens não são território português.

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Lusa
16/09/2022 17:17 ‧ 16/09/2022 por Lusa

País

Madeira

"A Marinha tem os meios necessários para fazer tudo para que ninguém tenha alguma ideia de pensar que isto não é nosso", afirmou o almirante aos jornalistas, numa visita à Selvagem Grande, que contou com a presença do enviado especial da ONU para os Oceanos, Peter Thomson, da ministra da Defesa, Helena Carreiras, do presidente do governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, entre outros governantes e autarcas.

Ao longo dos anos, este território foi alvo de polémica entre Portugal e Espanha devido à questão da delimitação da Zona Económica Exclusiva, situação que motivou várias afirmações da soberania, como a visita de quatro presidentes da República: Mário Soares (1991), Jorge Sampaio (2003), Cavaco Silva (2013), o único que pernoitou em terra, e Marcelo Rebelo de Sousa (2016).

O parlamento madeirense aprovou em fevereiro o novo regime jurídico das Selvagens, um subarquipélago da Madeira localizado a cerca de 300 quilómetros a sul do Funchal, decretando o alargamento da reserva marinha de 92 para 2.677 quilómetros quadrados. A pesca e qualquer outra atividade extrativa são agora proibidas em toda esta zona.

Gouveia e Melo salientou a importância destas ilhas para a renovação das espécies e para assegurar a biodiversidade, uma vez que "têm pouca intervenção humana".

Questionado se acredita que outros países sigam o exemplo português, o chefe do Estado-Maior da Armada sublinhou: "Acredito, Portugal está a reservar cerca de 30% da sua área marítima para o Ambiente, portanto isto é importante para a renovação das espécies, é importante como um ecossistema e acho que o mundo vai aprender com o nosso exemplo e com os exemplos de outros sítios".

Gouveia e Melo realçou ainda que o retorno do investimento financeiro e de meios feito nas Selvagens "é a sobrevivência da espécie humana a longo prazo".

"Isto é território português, quem o quiser cobiçar tem de cobiçar contra o Estado português. Nós, Marinha, e os outros ramos das Forças Armadas estaremos sempre atentos a isso", reforçou.

O presidente do governo Regional (PSD/CDS-PP) afirmou, perante o almirante e a ministra da Defesa, a necessidade de reforçar a fiscalização da reserva marinha e revelou que vai apresentar uma proposta ao Estado.

Em declarações aos jornalistas, a governante destacou que é necessário "dar visibilidade ao que está a ser feito" nas Selvagens, em termos de investigação científica e da Defesa Nacional.

"Eu diria que só podemos proteger o que conhecemos, portanto ter estado aqui, ter podido visitar as Selvagens, compreender a importância das ilhas e de toda esta magnífica reserva natural, esta que é a maior área marítima protegida da Europa e do Atlântico Norte é de facto uma experiência única", disse Helena Carreiras, em jeito de balanço da visita.

À chegada à Selvagem Grande, foi ainda inaugurada uma placa em homenagem ao enviado especial da ONU para os Oceanos, Peter Thomson.

"Estivemos muitos anos em guerra com a natureza, agora é tempo de fazer a paz", afirmou Thomson, salientando que a constituição das Selvagens como reserva natural é um "exemplo para o mundo".

A viagem insere-se nas comemorações do 50.º aniversário da reserva natural das Selvagens, instituída em 1971.

Este subarquipélago pertencer à freguesia da Sé, no Funchal, e é constituído por duas ilhas -- Selvagem Grande e Selvagem Pequena -- e vários ilhéus.

Leia Também: Mar. "É mais fácil tomar decisões políticas com impacto a curto prazo"

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