A ocorrência foi dada a conhecer pela autarquia, através de um comunicado, no qual descreve que os envelopes foram deixados à porta da Câmara Municipal, endereçados ao presidente, Aires Pereira, e ao seu vice-presidente, Luís Diamantino, mas também na porta do local do trabalho do presidente da Assembleia Municipal, Afonso Pinhão Ferreira.
"Os conteúdos eram iguais, quer no objeto, quer na dedicatória: uma bala para cada um, acompanhada destes dizeres: 'Não é uma ameaça, muito menos um aviso, é uma previsão. Ou uma destas na testa. A vossa escolha é fácil. Não vamos gastar mais munições com envelopes'", pode ler-se no comunicado da autarquia.
No mesmo texto é dito que a ocorrência foi "de imediato participada às autoridades de investigação criminal", com a informação de que as mesmas ameaças "também circulam nas redes sociais".
O incidente aconteceu um dia depois de a Câmara ter iniciado o processo de demolição da Praça de Touros da Póvoa de Varzim, tendo a autarquia feito uma relação entre a intervenção e a ocorrência de hoje.
"Não nos antecipando às conclusões a que as perícias laboratoriais conduzirão, adiantamos o que aos poveiros mais atentos parece óbvio: que esta tresloucada ameaça, absolutamente imprópria em meios civilizados e democráticos, não é mais que a tentativa desesperada de uma minoria de impedir a concretização de uma deliberação legitimada pelo voto", acrescenta o texto.
O comunicado da Câmara da Póvoa de Varzim garante, ainda, que os visados estão "indiferentes às ameaças e empenhados como sempre em honrar os compromissos que submeteram a sufrágio eleitoral e que colheram alargadíssimo consenso nos órgãos autárquicos municipais".
"Reafirmamos que nada nos demoverá do propósito de substituir um espaço anacrónico e de esporádica utilização por um palco de permanente promoção da arte e da cultura, reforçando este vetor estratégico de desenvolvimento da cidade", acrescenta o texto.
Recorde-se que a praça de touros da Póvoa de Varzim começou na segunda-feira a ser demolida, depois de um interregno de dois anos devido a uma providência cautelar interposta por uma associação local, a que o tribunal não deu provimento.
As operações começaram depois de a autarquia ter recebido, na quinta-feira, a informação de que a decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto transitou em julgado, dando 'luz verde' para que as obras para a construção de um pavilhão multiúsos, que vai ser erguido no mesmo local, possam avançar.
A empreitada, com um custo previsto de cerca de nove milhões de euros, foi anunciada em 2019, mas no ano seguinte, já depois do lançamento do concurso público, o processo de demolição foi travado pela justiça, na sequência de uma ação movida pela Patripove (Associação de Defesa e Consolidação do Património Poveiro).
A associação considerava que o equipamento devia ser "preservado e não demolido", apontando que o mesmo faz parte "do património imaterial da memória de gerações de poveiros e da memória da cultura popular portuguesa".
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