Nobel da Paz mostra que "não há paz sem respeito pelos direitos humanos"

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse, esta sexta-feira, em Paris que a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Ales Bialiatski e às organizações Memorial e Centro para as Liberdades Cívicas mostra a importância dos direitos humanos na construção de uma paz duradoura.

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© Pedro Fiúza/NurPhoto via Getty Images

Lusa
07/10/2022 15:12 ‧ 07/10/2022 por Lusa

País

João Gomes Cravinho

"O fio condutor entre os três é a coragem e o combate pelos direitos humanos, não há paz sem respeito pelos direitos humanos, essa é a fundação dos direitos humanos e a atribuição do Prémio Nobel demonstra que o Comité Nobel está atento a esta realidade e quis premiar, com grande pertinência e sentido de atualidade três entidades que se têm destacado", disse João Gomes Cravinho aos jornalistas no final da reunião com a sua homóloga francesa.

"É uma muito boa notícia, é uma escolha particularmente pertinente do jurí do Prémio Nobel de distinguir neste momento pessoas e organizações que lutam pela paz e pal democracia nos seus países e para além das suas fronteiras. É uma mensagem que todo o mundo deve ouvir", declarou Catherine Colonna.

O anúncio da atribuição do Prémio Nobel da Paz coincidiu com a reunião dos dois ministros que receberam a notícia enquanto estavam juntos, com João Gomes Cravinho a reiterar que a notícia foi acolhida "com grande satisfação".

Ales Bialiatski, 60 anos, atualmente preso na Bielorrússia, fundou a organização Viasna (Primavera) em 1996, para ajudar presos políticos e as suas famílias, na sequência da repressão do regime do Presidente Alexander Lukashenko.

A organização russa Memorial foi criada em 1987, para investigar e registar crimes cometidos pelo regime soviético, mas tem denunciado violações de direitos humanos na Rússia.

O Centro de Liberdades Civis surgiu em Kyiv, em 2007, para fazer avançar os direitos humanos e a democracia na Ucrânia.

Os laureados são provenientes de três países em foco devido à guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro deste ano, com o apoio da Bielorrússia, um país aliado de Moscovo.

Ao anunciar o prémio, a presidente do Comité Nobel norueguês, Berit Reiss-Andersen, disse que os laureados representam a sociedade civil nos três países.

"Há muitos anos que promovem o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos. Têm feito um esforço notável para documentar crimes de guerra, abusos dos direitos humanos e abuso de poder", disse.

"Juntos, demonstram o significado da sociedade civil para a paz e a democracia", acrescentou Reiss-Andersen.

O encontro entre João Gomes Cravinho e a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, aconteceu esta manhã, no Quai d'Orsay, em Paris, com os dois governantes a abordarem a guerra na Ucrânia e outros pontos importantes na agenda internacional.

Leia Também: ONG Memorial distinguida com Nobel em momento de repressão na Rússia

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