"O fio condutor entre os três é a coragem e o combate pelos direitos humanos, não há paz sem respeito pelos direitos humanos, essa é a fundação dos direitos humanos e a atribuição do Prémio Nobel demonstra que o Comité Nobel está atento a esta realidade e quis premiar, com grande pertinência e sentido de atualidade três entidades que se têm destacado", disse João Gomes Cravinho aos jornalistas no final da reunião com a sua homóloga francesa.
"É uma muito boa notícia, é uma escolha particularmente pertinente do jurí do Prémio Nobel de distinguir neste momento pessoas e organizações que lutam pela paz e pal democracia nos seus países e para além das suas fronteiras. É uma mensagem que todo o mundo deve ouvir", declarou Catherine Colonna.
O anúncio da atribuição do Prémio Nobel da Paz coincidiu com a reunião dos dois ministros que receberam a notícia enquanto estavam juntos, com João Gomes Cravinho a reiterar que a notícia foi acolhida "com grande satisfação".
Ales Bialiatski, 60 anos, atualmente preso na Bielorrússia, fundou a organização Viasna (Primavera) em 1996, para ajudar presos políticos e as suas famílias, na sequência da repressão do regime do Presidente Alexander Lukashenko.
A organização russa Memorial foi criada em 1987, para investigar e registar crimes cometidos pelo regime soviético, mas tem denunciado violações de direitos humanos na Rússia.
O Centro de Liberdades Civis surgiu em Kyiv, em 2007, para fazer avançar os direitos humanos e a democracia na Ucrânia.
Os laureados são provenientes de três países em foco devido à guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro deste ano, com o apoio da Bielorrússia, um país aliado de Moscovo.
Ao anunciar o prémio, a presidente do Comité Nobel norueguês, Berit Reiss-Andersen, disse que os laureados representam a sociedade civil nos três países.
"Há muitos anos que promovem o direito de criticar o poder e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos. Têm feito um esforço notável para documentar crimes de guerra, abusos dos direitos humanos e abuso de poder", disse.
"Juntos, demonstram o significado da sociedade civil para a paz e a democracia", acrescentou Reiss-Andersen.
O encontro entre João Gomes Cravinho e a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, aconteceu esta manhã, no Quai d'Orsay, em Paris, com os dois governantes a abordarem a guerra na Ucrânia e outros pontos importantes na agenda internacional.
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