O Presidente da República acredita que as projeções do Governo para o próximo ano - um crescimento de 1,3%, um défice de 0,9% e uma inflação de 4% - "não são impossíveis", mas avisa que tudo depende da evolução do conflito na Ucrânia.
Marcelo Rebelo de Sousa reconhece que as previsões económicas do Governo para 2023 são melhores do que esperava e frisa que são "mais otimistas na inflação do que no resto".
"São melhor do que eu esperava e, porventura, do que esperavam os portugueses dentro do clima de crise geral que vivemos", afirmou aos jornalistas na chegada ao Chipre, onde se encontra para uma visita oficial. "As previsões para este ano - que me parecem realistas para o ano 2022 - são melhores no que respeita ao crescimento da riqueza (PIB), razoavelmente melhores em relação ao que se esperava do ponto de vista de emprego, que continua com números muito positivos, e são ligeiramente melhores do que se esperava na inflação."
Questionado sobre o valor previsto para a inflação, 4%, o chefe de Estado admitiu que "tudo é uma incógnita", já que depende da evolução da guerra e do mundo, mas é "um número possível" se tivermos em conta todo o ano de 2023.
"O número que é avançado é um número possível por uma razão: porque estamos a falar do ano que vem todo e, realmente, se houver uma resolução do conflito, se houver formas alternativas para a energia em muitos países europeus, se houver recuperação económica nesses países europeus, vários deles grandes, então aí a inflação (a partir do segundo trimestre) pode ir caindo", apontou.
Não são impossíveis, não é uma construção artificial", acrescentou ainda sobre as previsões do Governo.
O chefe de Estado sublinhou que, das últimas vezes que recebeu o primeiro-ministro e o governador do Banco de Portugal, a previsão "quer de um quer de outro" é de que começaria a "haver sinais de uma descida da inflação" no final deste ano e início do próximo.
"Honestamente, aceito que tenham razão, se o conflito não durar muito, se houver fórmulas alternativas de energia encontradas pelas grandes economias, se houver medidas europeias como as que estão a ser aprovadas para controlar o efeito da energia na inflação, se houver outras medidas internas que criem a confiança que determina a descida dos preços", ressalvou Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre os apoios, o Presidente defende que, daquilo que já se conhece da proposta de Orçamento para o próximo ano, o "Governo vai mais longe do que muitos esperariam para tentar acompanhar minimamente a inflação" e "responder a problemas sociais que existiam".
A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2023 vai ser entregue no Parlamento na segunda-feira, dia 10.
[Notícia atualizada às 18h55]
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