Numa conversa sobre o tema "Que futuro para a Saúde em Portugal", no âmbito do seminário "O Futuro do Sistema de Saúde Português", que hoje decorreu na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, no Porto, Fernando Araújo descreveu o quadro nacional e as soluções que preconiza.
"Vamos dar o exemplo de que é possível descentralizar, que é possível trazer para outras áreas do território certas estruturas, que locais como o Norte têm, do ponto de vista da saúde, um conjunto de quadros muito, muito competentes", começou por responder Fernando Araújo às perguntas do presidente da secção, António Araújo.
Reconhecendo que o "quadro legal vigente não é tão transparente e linear quanto gostaria", mostrou-se otimista quando ao futuro, prevendo que "para o final do próximo ano" haverá "uma mudança legislativa" para "clarificar, melhorar e aprimorar" a ação da entidade que dirige.
"Não queremos que a direção executiva seja mais uma camada de burocracia em cima das camadas que já existem, mas que haja simplificação dos processos", reiterou Fernando Araújo, que recusou a ideia de que a sua atuação e da sua equipa seja a de "replicar o que já existe", persistindo no objetivo de "que seja muito mais simples e prático".
Fernando Araújo puxou, de seguida, da sua experiência enquanto gestor hospitalar, para recordar a "burocracia" e as "assimetrias no acesso aos cuidados de saúde", afirmando que "os portugueses não têm culpa de estar a viver em Portalegre ou em Lisboa".
"O SNS não tem capacidade para tratar todos por igual e é isso que temos de inverter. As desigualdades agravaram-se, a resposta do SNS tem áreas de excelência e outras áreas muito frágeis e vulneráveis", reconheceu o diretor executivo, para quem "não faz sentido esperar cinco anos por uma cirurgia" e que há que ter "capacidade para ter soluções para essas pessoas por mais difíceis que sejam".
A terminar, criticou o que classificou como "canibalismo", frisando que "não faz sentido andar a roubar profissionais uns aos outros" e que "a visão de conjunto tem de prevalecer em termos de SNS".
A direção executiva do SNS, prevista no novo Estatuto do SNS promulgado pelo Presidente da República no início de agosto, tem como missão coordenar toda a resposta assistencial do SNS, assegurando o seu funcionamento em rede, e passa a gerir também a rede nacional de cuidados continuados integrados e a rede de cuidados paliativos, até agora da responsabilidade das administrações regionais de saúde.
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