Tomás, que herdou o nome do pai, tem apenas 11 anos mas é já um autêntico guerreiro. Há um ano e meio que luta contra uma leucemia mieloide, uma leucemia mais rara do que as linfoblásticas, para a qual ainda não existem grandes opções terapêuticas.
Depois de dois tratamentos de quimioterapia, que se mostraram infrutíferos, o pai, que é médico intensivista, decidiu procurar pelo mundo novas soluções.
À CNN Portugal, Tomás Lamas confessou que esteve "mais de uma semana enfiado no escritório" a estudar o caso do filho, assim como a contactar "todos os centros a nível mundial".
De volta recebeu muitas respostas, mas nem todas positivas. Até que o médico hemato-oncologista Aarnan Nagler, do Sheba Hospital, em Tel-Aviv, Israel, levantou o véu da esperança.
"O Hospital Sheba está muito avançado na utilização de células Car-T. Já têm muita experiência em fazer este tratamento em crianças e estavam plenamente seguros em avançar", contou o pai de Tomás ao site do canal de televisão.
Tratamento com células Car-T
De acordo com a Associação Portuguesa Contra a Leucemia, o tratamento com células Car-T é uma forma de imunoterapia que utiliza o próprio sistema imunitário do doente para combater o cancro.
O sangue é recolhido do organismo do doente e filtrado através de uma máquina capaz de separar as células T das outras células sanguíneas. As células T são enviadas para laboratório, onde recebem um gene que promove a produção de recetores específicos nas respetivas superfícies, transformando-se assim em células Car-T. Em seguida, estas são administradas novamente no sangue do doente, tal como se fosse uma transfusão de sangue.
As células Car-T, tal como explica o vídeo que Tomás Lamas partilhou na conta de Instagram 'Batazu Family', criada para partilhar a história do filho, ligam-se às células tumorais e libertam uma substância que as ataca diretamente.
Ver esta publicação no Instagram
Após 18 dias de tratamento, durante os quais foi submetido ao tratamento e que nem sempre foram fáceis, os médicos confirmaram que a leucemia de Tomás estava em remissão e a família teve autorização para regressar a casa. O menino aguarda agora o tão esperado transplante de medula.
'Batazu Family'
No Instagram, a família de Tomás, que tem mais três irmãos, já conta com quase 2 mil seguidores. O nome da conta, que soa estranho ao início, depressa entra no ouvido. Em italiano, Batazu significa combatente ou guerreiro. E é o que no fundo é esta família e todos aqueles que lutam contra esta doença.
A ideia de documentar os tratamentos nas redes sociais surgiu ainda em Portugal, mas ganhou mais relevância quando começaram os tratamentos de Tomás em Israel. No fundo, o objetivo é incentivar (e dar esperança) a outras famílias que passam pelo mesmo.
Entretanto, a 'Batazu Family' também começou a ser uma fonte de entretenimento, principalmente para pai e filho. Nela, a família partilha não só os últimos desenvolvimentos do tratamento, como os pontos altos da sua estadia em Israel, desde mergulhos em águas cristalinas a passeios pelo deserto.
Leia Também: Inês tem leucemia terminal e quer 40 mil seguidores. Vamos ajudá-la?