"Exorto sempre, em todas as circunstâncias, ao diálogo, à concertação e à capacidade de consenso. Normalmente recomenda-se que haja cedências de parte a parte, mas depois que se entendam no essencial", afirmou Bolieiro, na sede da Presidência, em Ponta Delgada.
O líder do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) falava aos jornalistas após ter recebido os trabalhadores da EDA, que realizaram uma marcha para se manifestarem contra a recusa da administração em negociar aumentos na tabela salarial.
"Exorto e tenho confiança no conselho de administração da empresa para o diálogo e concertação", reforçou Bolieiro.
O presidente do Governo Regional revelou que já conversou com o presidente da EDA, Nuno Pimentel, sobre as reivindicações, avançando que a administração tem "total disponibilidade" para "dialogar" com os trabalhadores.
Bolieiro realçou ainda que, quando soube do protesto, "prontamente agendou o seu dia de modo" a receber os funcionários da elétrica açoriana.
"Estou sempre solidário com o diálogo e a concertação democrática e social, de que sou um exemplo. Gostava que essa seja uma referência na vida plural e democrática dos Açores e em particular na relação entre empresas e trabalhadores, administrações e sindicatos", assinalou.
Na quarta-feira, em declarações à agência Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores, Carlos Caetano Martins, explicou que existiram reuniões entre os sindicatos e a administração da empresa até junho.
"Não se tendo chegado a um acordo final" naquelas reuniões, detalhou o trabalhador, ficou acordado realizar um primeiro aumento salarial em junho e a abrir uma ronda negocial em setembro para discutir alterações à tabela salarial.
"Chegados a setembro, a postura da administração da empresa mudou completamente. Agora, em vez de quererem negociar a tabela salarial tal como tinha sido acordado no primeiro semestre do ano, apresentaram uma compensação extraordinária pontual", criticou.
Carlos Caetano Martins afirmou que tal proposta "criou muito mal-estar entre os trabalhadores e a administração" porque "não foi isso que tinha sido acordado".
Devido à "recusa da administração em negociar", os trabalhadores solicitaram em outubro um pedido de audiência ao líder do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata José Manuel Bolieiro, mas não obtiveram qualquer resposta até à marcação do protesto.
A EDA é detida em 50,1% pela Região Autónoma dos Açores, em 39,7% pela ESA - Energia e Serviços dos Açores (grupo Bensaúde), em 10% pela EDP, estando o restante capital social distribuído por pequenos acionistas.
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