O Presidente da República voltou a abordar o impacto da chuva intensa que se abateu sobre a região de Lisboa na noite de quarta para esta quinta-feira, esperando que sejam criados apoios para ajudar os mais afetados pelas cheias e inundações provocadas pela chuva, e antecipando que o fim de semana vai "exigir a atenção das pessoas".
Ao lado do presidente da câmara de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que "as pessoas acabam por esperar da parte dos poderes públicos uma responsabilidade objetiva, mesmo que não tenham uma responsabilidade específica", no sentido da criação de apoios para "mitigar os danos sofridos".
Nesse sentido, o Presidente prevê um processo semelhante aos apoios dedicados à pandemia da Covid-19, recordando que as entidades "estão a aprender".
"Estamos todos a aprender, com a pandemia e agora com estas intempéries, e aprendemos o seguinte: primeiro fazemos o levantamento, depois pensamos na periodicidade com que acontece e depois criam-se esquemas a prazo para encarar essas situações. O que vai ser preciso é encontrar formas financeiras para prever situações destas, mesmo quando elas são de ocorrência muito anómala", afirmou.
Na noite de quarta-feira para esta quinta-feira, a região da área metropolitana de Lisboa foi atingida por uma das maiores noites de chuva do ano, com várias ocorrências relativas a inundações em vários pontos, especialmente na zona de Alcântara (Lisboa) e Algés (Oeiras). Foram também registados casos de realojamentos na Amadora e em Odivelas, e uma mulher acabou mesmo por morrer numa cave, em Algés.
As autoridades têm passado o dia em trabalhos de limpeza, esperando-se que a circulação na capital volte à normalidade entretanto.
Durante a noite, Marcelo Rebelo de Sousa visitou algumas das zonas afetadas pelas cheias, passando por Alcântara, onde lamentou a vítima mortal. Esta quinta-feira, questionado sobre se voltará a visitar a região ou se acarretará com os avisos da Câmara de Lisboa, o chefe de Estado disse que "tem de seguir as sugestões e dar o exemplo, o que não quer dizer que, se houver situações muito especificas que justifiquem idas ao terreno, isso aconteça".
"Ontem aconteceu e quis inteirar-me com o que se passava. Espero esta noite não ter razões para isso", vincou.
Depois das críticas da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANEPC) sobre o atraso do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em elevar o aviso para a região de Lisboa para vermelho, Marcelo preferiu "não entrar nesses pormenores", mas aguarda que "se isto voltar a acontecer, e espero que não aconteça com a gravidade de ontem, isso vai ser acompanhado, prevenido e retiradas lições".
Esta quinta-feira, o IPMA elevou, nos distritos de Lisboa, Leiria, Setúbal, Santarém e Faro, os avisos de amarelo para laranja a partir da meia-noite de sexta-feira, até às 9h. A Câmara Municipal de Lisboa já pediu à população para não sair de casa, exceto em situações de emergência.
Leia Também: Câmara de Lisboa volta a pedir às pessoas para ficarem em casa