"A capacidade da Rússia de fazer a guerra é hoje muito menor" do que no inicio da ofensiva contra a Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro de 2022, assegurou João Gomes Cravinho, numa conferência de imprensa conjunta com a homóloga alemã, depois de ambos intervirem no Semanário Diplomático 2023, a decorrer hoje e quinta-feira em Lisboa.
A União Europeia, adiantou, "está a trabalhar em mais um pacote, o 10.º, de sanções à Rússia" e manterá enquanto for preciso as ajudas à Ucrânia, referindo especificamente o apoio decidido para ajudar a recuperar as infraestruturas energéticas, muito danificadas nos ataques russos dos últimos meses, e o envio de material bélico.
O abastecimento de energia, ainda mais premente devido às temperaturas negativas de inverno, "foi um dos principais enfoques da conferência que teve lugar em Paris, em dezembro, que estabeleceu que haverá um mecanismo específico de apoio à Ucrânia", começando por ver quais as necessidades de recuperação de infraestruturas.
"Mas também com o fornecimento de material, como por exemplo, "baterias, geradores e lâmpadas 'led' -- mais de 50 milhões destas lâmpadas" -- com o objetivo de reduzir as necessidades energéticas, referiu o ministro português.
"Por mais crimes de guerra que haja, e os ataques a civis são crimes de guerra (...), haverá sempre mais apoio à Ucrânia, sublinhou Gomes Cravinho.
Annalena Baerbock respondeu à questão sobre a eficácia das sanções reiterando que será feito o que for preciso para a Ucrânia defender a sua integridade territorial, e repetindo a mensagem já deixada na intervenção perante os diplomatas portugueses reunidos em Lisboa, de que Moscovo quer destruir a Ucrânia e tornar a vida ali impossível.
"Se não tivesse havido reação, seria o fim da carta das Nações Unidas", afirmou a ministra alemã, que pediu "empenho diplomático", além de ajuda económica, humanitária e militar.
"O fornecimento de armas tem a ver com a proteção das pessoas e a proteção da carta das Nações Unidas", insistiu.
É fundamental continuar com o apoio militar também para permitir intervenções na recuperação das infraestruturas e tentar evitar novos ataques, defenderam os chefes de diplomacia de Portugal e Alemanha.
Esse apoio, adiantaram, está a ser constantemente revisto, de acordo com as necessidades e capacidades dos Estados-membros e dos seus parceiros, que avaliam em conjunto como podem ajudar de forma mais eficaz.
O Seminário Diplomático é uma reunião anual de embaixadores de Portugal para debater prioridades da política externa com membros do Governo, empresários e académicos, e teve este ano como oradora convidada a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha.
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