Num comunicado enviado à Lusa, a AILD solidariza-se com a morte deste cidadão português e pede que o Estado francês reconheça o "seu ato heroico" ao perder "a sua própria vida em defesa de polícias franceses, perante atos terroristas".
Assim, a AILD pretende, junto das autoridades francesas - nomeadamente o próprio município de Mulhouse e o presidente francês, Emmanuel Macron - "reclamar o reconhecimento heroico deste cidadão português através da atribuição, a título póstumo, da condecoração honorífica Medalha Nacional de Reconhecimento às Vítimas do Terrorismo, criada em 2016, após os atentados de janeiro e novembro de 2015 em Paris".
A medalha é "uma ordem honorífica de França, concedida àqueles que foram vítimas do terrorismo, como é o caso, estabelecida pelo Decreto Presidencial de 12 de julho de 2016, pode ser concedida a franceses ou a estrangeiros vítimas de terrorismo em solo francês ou no estrangeiro", explicou a AILD.
A associação declarou ainda estar solidária com a família da vítima e com a comunidade portuguesa local.
O cidadão português morreu no sábado após tentar interferir num ataque com uma faca na cidade francesa de Mulhouse, perto da fronteira alemã.
Ficaram também feridos, com gravidade, dois agentes da polícia municipal, hospitalizados de emergência: um com ferimentos "na carótida" e o outro "no peito", disse o procurador Nicolas Heitz, em declarações à agência France-Presse, acrescentando que cinco polícias ficaram feridos no ataque à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo (RDCongo).
Este país africano enfrenta uma ofensiva, no leste, do Movimento 23 de Março, apoiado pelo Ruanda, um grupo que tem vindo a avançar em várias frentes desde 2021 e faz temer uma possível guerra regional.
Vários meios de comunicação franceses, citando o procurador de Mulhouse, revelaram que o suspeito, um argelino, em prisão domiciliária desde junho de 2024 e alvo de uma ordem de expulsão do território francês, gritou "Allah Akbar" (em árabe, "Alá é grande") várias vezes durante a investida.
Macron disse não haver dúvida de que o ataque com uma arma branca foi um "ato de terrorismo" e "islâmico", o que tenta "há oito anos erradicar" do país, ao falar à imprensa durante uma visita à Feira Agrícola de Paris.
"O fanatismo voltou a atacar e estamos de luto", disse o primeiro-ministro, François Bayrou, na rede social X, felicitando a ação das forças de segurança.
Também a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, reagiu ao ataque afirmando estar "chocada" e assegurando que "a Europa está determinada na luta contra o terrorismo".
"As minhas condolências à família da vítima inocente deste trágico ataque. Desejo uma rápida recuperação aos corajosos agentes da polícia feridos no exercício das suas funções", afirmou Metsola na rede social X.
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