Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, considerou esta terça-feira, em declarações aos jornalistas no decorrer de uma concentração de docentes no distrito de Aveiro, que "o ataque que atualmente existe é aos professores, à profissão de professor".
Posto isto, o dirigente de uma das organizações sindicais que têm levado a cabo as mais recentes greves nas escolas portuguesas e as várias concentrações de profissionais garantiu que, "a partir de dia 11 de fevereiro, se nada estiver resolvido, com certeza" que irão "prosseguir, com este tipo ou outras ações, dependendo da análise" feita pelos sindicatos "na altura".
No que diz respeito à concentração de professores que está a ter lugar, em concreto, em Aveiro esta terça-feira, Mário Nogueira destacou que esta será, "talvez", no distrito, "senão a maior, uma das maiores concentrações de sempre de professores". E acrescentou: "São professores que estão, aqui, vindos de todo o distrito".
No que diz respeito à adesão à paralisação que está agora em curso no distrito, o secretário-geral da Fenprof disse ainda não ter acesso aos balanço definitivo, ainda que suponha que a mesma "esteja na ordem dos 90%, tal como ontem".
"Nós estamos aqui para dar tudo, no que toca à defesa da profissão", garantiu ainda o mesmo dirigente sindical.
Já no que toca às novas rondas negociais entre sindicatos e Executivo, agendadas para dia 18 e 20 deste mês, Mário Nogueira disse que as estruturas sindicais vão "entrar na reunião com o Governo com essa vitamina reforçada, que é, de facto, o grande apoio que os professores estão a dar. Mas, sobretudo, o que nós queremos ainda é ter um último momento de reforço, que é o próprio dia 20".
E explicou: "Nós vamos realizar um plenário nacional, promovido pelos sindicatos, à porta do Ministério da Educação na próxima sexta-feira. A partir das 9h30 os colegas de Lisboa começam lá a concentrar-se, pelas 11h chegam os que vêm de fora, e aquilo que nós queremos é podermos estar a negociar com o Ministério com a força das palavras de ordem que vêm da rua".
Mário Nogueira fez, perante os jornalistas, uma nova crítica à tutela, explicando que "se o Governo estivesse disposto a negociar com seriedade teria, em primeiro lugar, enviado [aos sindicatos] os documentos que vão estar em discussão" na ronda negocial desta semana, "em vez de estar a mandar umas bocas pela comunicação social".
O secretário-geral da Fenprof fez ainda questão de elucidar que os sindicatos nunca afirmaram que o Governo estaria a ponderar atribuir às autarquias a função de colocação de professores. "Porque o que está em causa não são as câmaras, são os conselhos locais de diretores - sendo verdade que vão ficar, em muitos casos, condicionados por aquilo que as Câmaras Municipais decidirem relativamente às redes escolares e à distribuição de oferta formativa e educativa".
Pedindo ao Governo que seja "sério" nas negociações, Mário Nogueira explicou ainda o que considera ser uma postura de "seriedade": "é ir para as negociações com posições que vão ao encontro daquilo que defende a profissão, a escola pública e a educação".
Até porque, concluiu, é "preciso que o Governo tenha consciência de que há cada vez menos professores qualificados nas escolas. Este ano temos um número de alunos que não têm os professores todos como não temos há muitos anos - ou como, se calhar, nunca tivemos".
Desde dezembro, vários frentes sindicais têm vindo a colocar em andamento greves, tanto generalizadas como por distrito, de forma a mostrar o desagrado dos professores contra algumas propostas do Governo para a revisão do regime de recrutamento e colocação dos docentes.
Porém, as paralisações pretendem, também, mostrar o descontentamento da classe face a outros temas que têm já vindo a ser amplamente discutidos pela opinião pública ao longo dos últimos anos, como as condições gerais de trabalho dos professores e da recuperação integral do tempo de serviço.
[Notícia atualizada às 11h41]
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