"Não há ligação entre mim e eventuais problemas de natureza judicial"

O ministro dos Negócios Estrangeiros detém a sociedade imobiliária Eurolocarno, cujo fundador é um dos envolvidos no maior negócio imobiliário feito em Portugal nos últimos anos.

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© Thierry Monasse/Getty Images

Marta Amorim
23/01/2023 15:17 ‧ 23/01/2023 por Marta Amorim

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"A notícia que me dá como sócio dessa pessoa [António João Barata da Silva Barão] é difamatória. A partir de 2015 tornei-me sócio desta empresa e nunca tive nenhuma responsabilidade de gestão", esclareceu, na tarde desta segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, sobre a sociedade imobiliária Eurolocarno.

"É uma empresa que foi constituída em 2015 e queria desde já esclarecer que é inteiramente difamatória a associação a uma pessoa que era um antigo proprietário da empresa [António João Barata da Silva Barão] que foi adquirida. É uma pessoa que eu não conheço, com quem nunca tive nenhum contacto. Nenhum dos sócios o conhece ou tem qualquer tipo de contacto com ele", asseverou aos jornalistas após reunião de ministros na UE. 

Já sobre Marcos Lagoa, Gomes Cravinho diz desconhecer em absoluto - até este domingo - problemas que possa ter com a justiça, embora o conheça "há muitos anos".

"Aparentemente um dos sócios teve problemas de natureza fiscal, desconhecia por inteiro", afirmou, frisando: "Não há nenhum tipo de ligação entre mim e eventuais problemas de natureza judicial que possam existir".

As declarações surgem depois de uma notícia, avançada no domingo, que dá conta que o ministro dos Negócios Estrangeiros detém uma quota de mil euros na sociedade imobiliária Eurolocarno, fundada por António João Barata da Silva Barão - que estará envolvido num negócio que lesou o fundo de resolução do Novo Banco em 260 milhões de euros. Em causa esteve a venda, em 2017, por parte do Novo Banco, de 13 mil imóveis a um fundo anónimo, denominada internamente no banco como 'Portfólio Viriato'.

A CNN Portugal avançou com a notícia, revelando que a sociedade imobiliária, da qual Gomes Cravinho só se tornou sócio em 2020 (declarando-a ao Tribunal Constitucional e ao Parlamento), está por detrás da venda deste 'megaportfólio', em que, alegadamente, as propriedades foram vendidas por valores muito abaixo do valor pelo qual que estavam avaliadas. Foram vendidas por 364 milhões de euros, quando estavam avaliadas, refere o mesmo canal, em 613 milhões de euros.

António da Silva Barão e a mulher registaram cinco sociedades imobiliárias de uma só vez.
 
Em 2015, a gerência passou para Marcos de Almeida Lagoa, atualmente sócio de Gomes Cravinho, que também foi condenado por fraude fiscal. Lagoa, que detém metade da quota do ministro, foi um dos 11 arguidos no processo dos CTT e foi julgado por vários crimes económicos que terão causado 13,5 milhões de euros de prejuízo aos Correios. Em causa estará um negócio de venda de dois imóveis dos CTT. Um edifício dos Correios em Coimbra terá sido vendido por cerca de 15 milhões de euros e, no mesmo dia, terá voltado a ser vendido pela mesma empresa, por 20 milhões.

[Notícia atualizada às 15h44]

Leia Também: Gomes Cravinho tem empresa com sócio condenado por fraude fiscal

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