Após a visita à sede da fundação organizadora da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Lisboa, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, argumentou que a polémica que rodeia o custo do altar-palco não 'mancha' "de forma nenhuma" o país, realçando, inclusivamente, que não vê "nenhuma contestação social" à sua realização, mas sim "júbilo".
"Não vejo nenhuma contestação social à realização da JMJ, vejo um grande júbilo em todo o país desde que foi anunciado pelo Papa Francisco que esta JMJ se realizava em Lisboa", disse o responsável, em declarações aos jornalistas, esta sexta-feira.
Escusando-se a comentar os custos do altar-palco, que tem marcado a opinião pública nos últimos dias por ascenderem os cinco milhões de euros, visto não ter "funções" que o permitissem responder naquele momento, Santos Silva salientou que "a JMJ é uma realização religiosa que tem um significado que vai muito além disso e que é de todo o interesse de um país como é Portugal e para uma sociedade democrática como é a portuguesa".
"Podemos também aproveitar esta mobilização de jovens em Lisboa e em Loures para que [o encontro] seja, além de religioso, cívico, para que a educação para a cidadania democrática seja, também, tema, assim como a preocupação com os problemas globais e a defesa dos bens globais", enumerou.
Nessa linha, o presidente da Assembleia da República apontou que a sua "visita tem um lado simbólico, de manifestar em nome do Parlamento o máximo respeito por esta grande realização que Portugal se orgulha de ter este agosto, em Lisboa", mas tratou-se também de uma "visita de trabalho nas dimensões que nos dizem respeito".
"Um milhão e meio de jovens de todo o mundo, de mais de uma centena de países, reunidos em Portugal, tem, em si, um significado acrescido, também para o Parlamento português", resumiu.
Confessando que não queria direcionar a conversa apenas para os benefícios que a JMJ trará a Portugal, Santos Silva não deixou de sublinhar que o país tirará "também benefícios, não só simbólicos e espirituais, como também materiais e económicos", pelo que os custos apontados até ao momento lhe parecem "bastante razoáveis".
"Todas as análises de custo-benefício que conheço mostram, evidentemente, o enorme benefício que Portugal vai ter nesta realização, em todas as dimensões", rematou.
De notar que o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, ecoou esta visão, na quinta-feira, comprometendo-se apenas a não ir além dos 35 milhões de euros acordados para a totalidade do evento. A título de exemplo, o responsável adiantou que só as casas de banho e os ecrãs pedidos ascendem aos oito milhões de euros, garantindo, contudo, que fará aquilo que tanto a Igreja, como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entenderem.
Por seu turno, o Vaticano demarcou-se, esta sexta-feira, da polémica que envolve o custo do altar-palco, tendo o seu porta-voz, Matteo Bruni, afirmado, em declarações ao ACI Prensa, que "a organização do evento é local". Assim, a decisão dos custos caberá à Câmara Municipal de Lisboa.
Recorde-se que a JMJ, para muitos o maior acontecimento da Igreja Católica, realiza-se este ano em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas. As principais cerimónias da jornada - que tem como momento alto uma missa dirigida pelo Papa Francisco - decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.
O altar-palco que está a gerar ondas, onde o Papa Francisco dará a missa final deste evento, terá capacidade para cerca de duas mil pessoas, metade das quais deverão ser bispos.
[Notícia atualizada às 17h15]
Leia Também: Vaticano demarca-se da polémica do altar-palco e diz que não interferiu