Covid. Manter alerta máximo faz todo o sentido, "vírus são como camaleão"

O presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública considerou esta segunda-feira que a decisão da Organização Mundial de Saúde de manter o nível máximo de alerta para a covid-19 "faz todo o sentido", porque os vírus estão em alteração permanente.

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Lusa
30/01/2023 12:26 ‧ 30/01/2023 por Lusa

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Covid-19

"[Os vírus] são como um camaleão, mas mais ainda porque, para além da cor da pele, de forma simbólica, eles alteram a própria composição genética e isto é um problema porque o conjunto de mutações dá origem a uma variante que depois pode escapar à proteção dos anticorpos que as pessoas têm e que tinham resultado da vacinação ou da própria infeção natural", disse Francisco George à agência Lusa.

Para o ex-diretor-geral da Saúde, é preciso que os Estados criem mecanismos de vigilância genómica para saber a composição genética das variantes que vão provocando a infeção.

"Isto é um trabalho muito especializado que em Portugal é conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, e é preciso, portanto, assegurar o pleno funcionamento da vigilância epidemiológica com base genómica para perceber a todo o momento qual é o agente da infeção que se está a propagar", defendeu.

Segundo Francisco George, este trabalho também "é importante" na perspetiva de adaptar as vacinas às variantes que vão sendo mais frequentes.

A Organização Mundial da Saúde divulgou esta segunda-feira as recomendações feitas pelo Comité de Emergência dos Regulamentos Internacionais de Saúde, entre as quais melhorar o reporte dos dados de vigilância do SARS-CoV-2 à OMS, para "detetar, avaliar e monitorizar variantes emergentes" e identificar alterações significativas na epidemiologia covid-19.

Para Francisco George, é importante juntar duas informações e saber se determinada pessoa está infetada com o vírus e saber de que tipo de vírus se trata, se é igual ao que estava anteriormente em circulação ou se tem diferenças.

"É a este processo que nós chamamos vigilância genómica, porque é preciso fazer a análise à composição genética do próprio vírus", disse, defendendo ainda que "se uma pessoa está doente tem que fazer um teste para saber se essa infeção respiratória é ou não covid-19".

Questionado sobre se o facto de já não haver um uso generalizado das máscaras e a desinfeção das mãos poder não ser feita de uma forma tão frequente pode trazer algum retrocesso no combate à covid-19, o especialista defendeu, no que respeita à higiene das mãos, que "é absolutamente necessária" e que é preciso continuar "a ter muita atenção a utilização do gel".

No que respeita à utilização das máscaras, Francisco George disse que é preciso esperar por recomendações por parte das autoridades do Ministério da Saúde.

"Temos que ter todos nós, e isso é absolutamente essencial, confiança nas autoridades de saúde, confiança nas pessoas que estão à frente das instituições públicas que governam o país", disse Francisco George.

A OMS decidiu manter o nível máximo de alerta para a pandemia de covid-19, depois de uma reunião do Comité de Emergência dos Regulamentos Internacionais de Saúde.

Embora o comité tenha reconhecido que a pandemia pode estar a aproximar-se de um ponto de viragem, decidiu que "não há dúvida" de que o coronavírus SARS-CoV-2 continuará a ser um agente patogénico permanentemente estabelecido em seres humanos e animais para o futuro e, por conseguinte, é criticamente necessária uma ação de saúde pública a longo prazo, anunciou a OMS em comunicado hoje divulgado.

"Embora a eliminação deste vírus dos reservatórios humanos e animais seja altamente improvável, a mitigação do seu impacto devastador na morbilidade e mortalidade é viável e deve continuar a ser um objetivo prioritário", defendeu a OMS.

Leia Também: Covid-19. "Não há dúvida" que novo coronavírus veio para ficar, diz OMS

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