Gulbenkian paga laboratório em Cabo Verde e doutoramento nos PALOP
A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) inaugurou hoje o seu Laboratório de Matemática, cujos materiais são suportados em quase 50 mil euros pela Fundação Calouste Gulbenkian, que também vai apoiar o primeiro doutoramento de matemática nos PALOP.
© Márcia Lessa - Fundação Calouste Gulbenkian
País Gulbenkian
Os dois projetos foram apresentados, no Campus da Uni-CV, na Praia, no âmbito de uma visita que o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, António Feijó, está a realizar ao país.
O responsável explicou que a matemática tem uma importância muito destacada para a instituição que dirige, por permitir ensino e aprendizagem de qualquer ciência exata, mas também um fator de introduzir racionalidade.
"A matemática é simultaneamente importante para o desenvolvimento científico e também para o desenvolvimento social e político", salientou o dirigente, no âmbito da apresentação do laboratório, considerado um "marco histórico" e um "sonho" que marca do desenvolvimento do ensino e investigação na universidade pública de Cabo Verde.
Com sessões educacionais e computacionais, o laboratório está pensado para desenvolver iniciação à matemática desde os jardins de infância, desmistificando a ideia de que se trata de uma "má temática" ou um "bicho de sete cabeças".
"Queremos provar isso no laboratório", prometeu a professora Telma Silva, responsável pela implementação desta estrutura, que pretende, entre muitos outros objetivos, chegar aos professores do secundário, promover eventos, oficinas, simulações computacionais, investigação e formação.
Considerado como a "cereja no topo do bolo", foi também apresentado o primeiro Programa Regional de Doutoramento em Matemática, cuja parte letiva vai decorrer na Uni-CV e arranca ainda este ano, e será destinado sobretudo aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
O protocolo de lançamento foi assinado entre o reitor da Uni-CV, Arlindo Barreto, e o presidente da Fundação Gulbenkian, numa iniciativa que pretende lutar contra a fuga de mentes desses países para o exterior, mas também ter investigadores que possam trabalhar em África.
Formar quadros, criar redes de investigação, realizar eventos, são outros objetivos do doutoramento, que vai ter 20 vagas e propinas anuais de 1.000 euros, financiadas também pela Gulbenkian.
"O nosso apoio é expresso, desse ponto de vista, mas o mais importante do que isso é pensarmos -- no caso do doutoramento regional -- que estamos a fazer um encontro de países de expressão portuguesa", frisou António Feijó.
O doutoramento conta com a parceria das universidades Agostinho Neto (Angola) e de Coimbra (Portugal), além de outras instituições universitárias africanas e europeias, pretendendo formar quadros jovens altamente qualificados na área da Matemática nos PALOP.
Durante a tarde, a Universidade de Cabo Verde vai inaugurar também o Laboratório de Histopatologia, também financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação La Caixa.
Este laboratório é também considerado um "marco histórico" no desenvolvimento do ensino e investigação da única universidade pública de Cabo Verde, e pretende perceber a incidência do cancro da próstata não só em Cabo Verde, mas também em Moçambique.
O laboratório de Histopatologia é o primeiro resultado de um projeto denominado de INCUBATOR, que foi financiado no âmbito do programa Gestão em Ciência nos PALOP, coordenado pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Fundação La Caixa, de Espanha.
O projeto visa a criação de um laboratório digital, uma plataforma para a publicação de dados e informações para o apoio à prevenção e ao diagnóstico do cancro da próstata, com duração de três anos.
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