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JMJ. Municípios de Loures e Lisboa asseguram descontaminação de terrenos

Os municípios de Lisboa e de Loures asseguram que os terrenos que vão acolher a Jornada Mundial da Juventude foram descontaminados, respondendo a algumas dúvidas levantadas pela associação Zero, disse à agência Lusa o ambientalista Rui Berkemeier.

JMJ. Municípios de Loures e Lisboa asseguram descontaminação de terrenos
Notícias ao Minuto

18:58 - 06/02/23 por Lusa

País Jornada Mundial da Juventude 2023

"Nesses terrenos funcionou um aterro [Beirolas] que está desativado e foi selado há 25 anos, mas não sabemos aquilo que está lá debaixo", disse à Lusa o especialista em resíduos da associação Zero, referindo-se ao aterro de Beirolas, situado no município de Lisboa.

Será nos terrenos do antigo aterro de Beirolas que ficará localizado o altar-palco onde o Papa Francisco dará a missa final da JMJ.

A propósito desta obra, a Zero questionou a Câmara de Lisboa sobre a existência de estudos sobre a "estabilidade do aterro que garantam ser viável a colocação de uma estrutura pesada", sem que "haja o perigo da libertação de gás (metano)".

"Estamos a falar de uma situação fora do vulgar. A construção sobre um aterro que foi selado apenas há 25 anos. Vão estar aqui milhares de jovens e queremos conhecer os estudos que foram feitos", justificou Rui Berkemeier.

A Lusa questionou a Câmara Municipal de Lisboa sobre esta questão, mas, até ao momento, não obteve resposta.

No entanto, numa resposta prestada à associação Zero, a autarquia lisboeta, presidida pelo social-democrata Carlos Moedas, descreve um conjunto de procedimentos que foram tomados no local, nomeadamente a elaboração de estudos geotécnicos.

Segundo a Câmara de Lisboa, esses estudos revelaram que "as redes de extração de biogás e lixiviados estavam em muito mau estado e conservação, existindo vários poços de captação inoperacionais", necessitando de uma "intervenção urgente de reabilitação".

A par de obras de reabilitação, a Câmara Municipal de Lisboa solicitou também ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) um estudo para avaliar a estabilidade do aterro, nomeadamente para a construção do altar-palco.

A autarquia refere que o estudo do LNEC conclui que há "capacidade de carga suficiente" para a construção no aterro.

Questionado pela Lusa sobre estas garantias da Câmara Municipal de Lisboa, Rui Berkemeier diz estar "mais informado", mas ainda "com dúvidas".

"Queremos conhecer o relatório do LNEC. Isto é importante tanto para o evento como para o futuro", apontou.

O antigo aterro sanitário de Beirolas localiza-se na freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, tendo sido selado na sequência da requalificação urbanística da Expo-98.

Chegou a ter uma área de 17 hectares ocupados por lixos domésticos, com altura de 17 metros.

Também do lado do concelho de Loures existem preocupações relativamente aos terrenos que pertencem à Galp, onde chegou a funcionar um depósito, e que foram cedidos gratuitamente pela empresa para o evento.

"Enviámos uma carta para a Câmara de Loures e para a Galp para que nos enviassem todos os estudos e relatórios que foram feitos, para que percebêssemos se há ou não risco de contaminação", explicou.

Contactada pela Lusa, fonte da Câmara Municipal de Loures refere que "os estudos e informação sobre os solos de que o município dispõe asseguram que a sua utilização pelas pessoas/peregrinos que participarão nos eventos da Jornada Mundial da Juventude (Vigília e Missa de Envio) não tem qualquer risco, nem recomendam a descontaminação, nomeadamente na parcela da Galp".

No mesmo sentido, numa resposta enviada à Lusa, fonte da Galp explicou que desde a desativação do depósito, no final da década de 90, a empresa "contratou uma empresa independente internacional que realizou três campanhas de caracterização do terreno (1998, 2008 e 2016)

"Já em 2020, na sequência do anúncio da realização da JMJ2023, foi realizado um novo estudo, por parte de uma empresa independente internacional, que concluiu que as condições atuais do terreno são aceitáveis para a ocupação prevista durante a JMJ2023, não levantando questões de saúde pública", assegura a Galp.

A empresa petrolífera indica ainda que "planeia retomar o processo de remediação dos solos" após a sua devolução por parte da Câmara Municipal de Loures, que se estima venha a acontecer até dezembro deste ano.

A JMJ, considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.

As principais cerimónias da JMJ decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures.

As jornadas nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

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