Iniciada a operação da marca de autocarros na margem norte da Área Metropolitana de Lisboa (AML) em 01 de janeiro, os municípios contactados pela agência Lusa têm recebido queixas dos passageiros relacionadas com supressões de autocarros.
Essa situação deve-se à falta de motoristas nas transportadoras: a Viação Alvorada (em Oeiras, Amadora e Sintra) e a Rodoviária de Lisboa (em Odivelas, Loures, Vila Franca de Xira e Mafra).
"Confirma-se a questão da falta de motoristas que tem existido desde o arranque da operação e que ainda não se encontra resolvido na sua totalidade", indicou, por escrito, a autarquia de Vila Franca de Xira (PS) à Lusa, embora as supressões não se devam apenas a este problema, mas também a "questões de índole operacional".
As queixas neste município referem-se a "supressões de carreiras, atrasos de autocarros, desajuste ou inexistência de horários, alterações de percursos, inadequação das viaturas aos percursos respetivos e desconhecimento de percursos por parte dos motoristas".
Em declarações à Lusa na segunda-feira, o presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, disse que o município já recebeu mais de 50 queixas, sendo a maioria das freguesias de Porto Salvo e Barcarena, e dizem respeito a carreiras intermunicipais, em problemas como o incumprimento de horários e supressões de autocarros.
"Não estão a ser cumpridos realmente ainda alguns horários", vincou Isaltino Morais, que disse deverem-se, em parte, à falta de motoristas, mas o autarca independente destacou que o serviço melhorou em relação à Vimeca (a anterior transportadora em Oeiras).
Em Loures, "tem havido muitas falhas, umas por não haver motoristas suficientes", afirmou o presidente do município, Ricardo Leão (PS), na reunião de câmara de quarta-feira, referindo que "há carreiras que nem sequer estão a ser feitas e horários que têm de ser revistos".
Munícipes de Loures têm apresentado queixas relativas à Carris Metropolitana em reuniões da câmara e da assembleia municipal, com o autarca a reconhecer que a empresa está a "falhar", em particular em Bucelas e no Tojal, mas garantiu que os problemas não são "generalizados".
As autarquias dizem estar atentas aos problemas relatados e que as queixas têm diminuído, estando a Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), empresa pública que gere a Carris Metropolitana, a receber as queixas encaminhadas e a procurar soluções.
No concelho de Sintra, o executivo municipal também regista ocorrências, entre as quais reclamações de moradores em Janes sobre supressões de autocarros que passam na localidade, com horários desajustados com os das escolas locais e trajetos diferentes entre a ida e a volta.
Apresentadas as queixas à TML, "procedeu-se de imediato a um ajuste de circulação que foi ao encontro das expectativas dos utilizadores deste transporte", informou o município de Sintra (PS), em relação à carreira 1247, que prolongou o percurso até às Azenhas do Mar.
Já a Câmara de Odivelas (PS) indicou à Lusa que "as explicações prestadas pela TML [em relação a constrangimentos no concelho] são as que têm vindo a ser amplamente divulgadas e que se relacionam, essencialmente, com o recrutamento de novos condutores".
Embora ocorram incumprimentos, as câmaras municipais salientam que a Carris Metropolitana trouxe mais horários e carreiras, assim como a renovação da frota de autocarros, frisando que estão em curso ajustamentos do serviço recente.
A Carris Metropolitana começou na margem sul da AML, no verão de 2022 e, na altura, a operação no distrito de Setúbal foi alvo de fortes críticas por parte de municípios, sindicatos e utilizadores por problemas no funcionamento das linhas, devido sobretudo à falta de motoristas, mas utentes e autarcas locais têm reconhecido melhorias graduais.
Este problema, assim como a falta de viaturas, levou a que, na margem norte, o arranque fosse adiado para o início de 2023, sendo que, para colmatar a carência de condutores, uma parte dos motoristas recrutados pelas transportadoras são imigrantes.
Desde janeiro que a Lusa tem contactado a TML para obter esclarecimentos sobre o arranque da Carris Metropolitana na margem norte, mas a empresa não responde às questões colocadas, umas das quais relativa à falta de motoristas apontada por sindicatos do setor e por autarcas.
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