Abusos lembrados em mensagens quaresmais de alguns bispos portugueses
O tema dos abusos sexuais no seio da Igreja Católica marca algumas mensagens quaresmais já conhecidas de bispos portugueses, com o bispo de Viseu a referir-se a "crimes hediondos" e o prelado de Coimbra a manifestar solidariedade às vítimas.
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País Igreja Católica
António Luciano, bispo de Viseu, recordou os "crimes hediondos" dos abusos sexuais de menores, defendendo que este seja um tempo para pedir perdão a todas as vítimas.
"Façamos desta Quaresma um autêntico tempo de conversão interior para pedirmos, carregados de vergonha, perdão a todas as vítimas de abusos sexuais de crianças na Igreja Católica em Portugal", escreveu, acrescentando: "condenemos tais atos como crimes hediondos, que tanto fazem sofrer as vítimas, as famílias e a Igreja. Rezemos para que mais ninguém seja vítima destes abusos", acrescenta o responsável católico.
O bispo de Coimbra, Virgílio Antunes, na mensagem dirigida aos diocesanos, expressou "solidariedade" e o pedido de perdão às vítimas de abusos sexuais, assegurando que a diocese "tudo fará" para que estas situações "não tenham lugar na Igreja".
"Pedimos perdão a todas e a cada uma das vítimas, na esperança de que acolham a verdade dos nossos sentimentos; garantimos-lhes a nossa solidariedade e acolhimento, como contributo para ajudar a reparar os danos humanos, morais, e espirituais que persistem nas suas vidas; asseguramos que tudo faremos para que não tenham lugar na Igreja os abusos que agora conhecemos", escreveu Virgílio Antunes na sua mensagem para a Quaresma, citada pela agência Ecclesia.
Virgílio Antunes vai mais longe e questiona: "como transmitir a fé a todos quando entramos na Quaresma marcados pela vergonha e pela dor dos abusos sexuais cometidos contra crianças no seio da nossa Igreja?".
O bispo do Algarve, Manuel Quintas, defende que o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, divulgado na semana passada, "constitui um veemente apelo à conversão".
Para o responsável da diocese do Algarve, "ninguém pode abafar ou ignorar este grito. Trata-se de uma realidade inqualificável".
Também o bispo de Vila Real, António Augusto Azevedo, considera que a Igreja faz o caminho quaresmal "com o coração carregado de dor e tristeza por causa das notícias dos graves abusos cometidos contra crianças".
O bispo do Porto, Manuel Linda, alerta que "a recente publicação do relatório sobre o abuso sexual no seio da Igreja Católica veio demonstrar uma tristíssima realidade: a de que alguns padres e leigos pastoralmente empenhados cometeram crimes repugnantes, causaram imenso sofrimento às vítimas e, com o seu pecado, mancharam a face da Igreja e desacreditaram-na perante algumas parcelas da sociedade".
"Sem disfarçar os desgostos que mancham a identidade e missão da Igreja, vivamos a Quaresma na fé e na esperança, com verdade e caridade, fazendo, corrigindo e promovendo o que deve ser feito para bem de todos e agrado de Deus", escreve, por sua vez, o bispo de Santarém, José Traquina, enquanto o arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, faz votos para que os exercícios espirituais tradicionais da Quaresma, "tenham sempre presente o dom da Paz para a Humanidade, as intenções de comunhão com todas as vítimas das diversas violências, incluindo violência sexual, doméstica e perseguição religiosa".
Outros temas que merecem também referência em algumas mensagens quaresmais são a guerra na Ucrânia e o sismo que atingiu a Turquia e a Síria.
O bispo das Forças Armadas e de Segurança, Rui Valério, exortou as comunidades do Ordinariato Castrense à solidariedade com a Ucrânia, Síria e Turquia, com os donativos recolhidos na preparação para Páscoa.
"Neste ano, o fruto da nossa Renúncia Quaresmal é canalizado para a Igreja da Ucrânia e para as obras de recuperação do terramoto que ocorreu na Turquia e na Síria, de modo a sermos parte da parábola de amor que sara as feridas da guerra, da fome e das catástrofes", escreve Rui Valério, aquele na sua mensagem para a Quaresma, divulgada pela Ecclesia.
Também o bispo de Viana do Castelo, João Lavrador, anuncia que as comunidades da diocese vão ajudar as vítimas da guerra na Ucrânia.
"A partir da renúncia, jejum, ascese e partilha a que somos convidados, ouvido o Conselho Episcopal diocesano e dando seguimento ao pedido e ao contributo da nossa diocese no tempo de Natal, o fruto desta renúncia quaresmal deste ano será destinado, em partes iguais, à Igreja da Ucrânia e ao Secretariado diocesano da Mobilidade que acolhe e socorre os imigrantes que dele se abeiram em busca de ajuda", escreve João Lavrador.
Manuel Felício, bispo da Guarda estende o destino da renúncia quaresmal dos diocesanos locais às vítimas do terramoto na Síria e na Turquia.
As vítimas do terramoto na Turquia e na Síria são também os destinatários dos montantes recolhidos na arquidiocese de Évora nesta Quaresma, segundo o anúncio feito pelo arcebispo Francisco Senra Coelho.
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