Numa sessão especial de emergência na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que assinala um ano da invasão russa na Ucrânia, o secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, lembrou que Moscovo criou uma situação humanitária dramática, tendo desencadeado a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
"Os números são impressionantes -- milhares morreram e milhões deixaram o país ou deslocaram-se internamente. A estratégia de atacar implacavelmente infraestruturas críticas, com um tremendo impacto na população civil, é particularmente condenável", frisou Ivo Cruz, em Nova Iorque.
"Portugal apoia a soberania, independência, unidade e integridade territorial da Ucrânia. Continuaremos a prestar assistência ao seu Governo e ao seu povo, quer bilateralmente, quer no âmbito da União Europeia e das Nações Unidas, enquanto for necessário", assegurou.
Perante uma vasta audiência, que incluiu ministros de vários países, Bernardo Ivo Cruz informou que Portugal aproxima-se rapidamente dos 60.000 pedidos de proteção temporária e que a ajuda humanitária portuguesa à Ucrânia continua a aumentar.
Entre a ajuda concreta de Portugal à Ucrânia, o secretário de Estado indicou a reconstrução de escolas, nomeadamente na região de Zhytomyr.
"Reunimo-nos aqui hoje para proteger o sistema multilateral e defender o nosso respeito pelo Direito Internacional, pelos Direitos Humanos e pela resolução pacífica de disputas entre os Estados. Além disso, Portugal está totalmente empenhado em assegurar a responsabilização e continuará a apoiar iniciativas destinadas a prevenir violações, combater a impunidade e reparar a Ucrânia", frisou.
A sessão especial de emergência na Assembleia Geral irá prolongar-se até quinta-feira e integra uma ampla agenda da ONU para assinalar um ano de guerra na Ucrânia, que inclui ainda uma reunião ministerial do Conselho de Segurança na sexta-feira.
No final da sessão, a Assembleia Geral irá votar um projeto de resolução apresentado pela Ucrânia e aliados que enfatiza "a necessidade de alcançar, o mais rápido possível, uma paz abrangente, justa e duradoura", de acordo com a Carta fundadora da ONU.
Nesse sentido, Ivo Cruz, que alinhou a sua declaração com a da União Europeia, disse que Portugal apoia todos os esforços significativos para pôr fim a esta guerra e que o caminho para a paz passa pela Rússia "agir de acordo com a Carta da ONU e respeitar a soberania da Ucrânia, retirando-se de todo o seu território".
"Acreditamos que o projeto de resolução que temos diante de nós é um passo importante nessa direção e encorajamos todos os Estados membros a apoiá-lo", apelou.
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