No debate temático na Assembleia da República sobre a situação da Ucrânia, um ano depois da invasão pela Rússia, o ministro foi questionado pelo líder do Chega, André Ventura, sobre uma notícia do Jornal de Negócios que refere que o prometido apoio de Portugal de 250 milhões de euros não chegará na totalidade.
"Em relação aos apoios anunciados, há uma questão muito simples que se pode sublinhar: a palavra dada é para cumprir, a palavra do primeiro-ministro sobre apoio financeiro é palavra que será cumprida na plenitude", assegurou Gomes Cravinho.
O Jornal de Negócios escreve hoje que a "ajuda financeira de 250 milhões já não chega a Kiev" e que "Portugal compromete-se agora apenas com uma garantia de 55 milhões para alavancar o financiamento conjunto dos 27 ao orçamento ucraniano, sem prestar assistência bilateral".
Na sua intervenção inicial, o ministro dos Negócios Estrangeiros já tinha salientado a assinatura, em maio do ano passado, de um Acordo de Cooperação Financeira com a Ucrânia no valor de 250 milhões de euros, que inclui a cedência de direitos especiais de saque no Fundo Monetário Internacional.
"Portugal apoia com o que pode, mas escusamos de andar pela Europa a fazer número quando chega a hora de pôr a massa", tinha criticado o líder do Chega.
André Ventura desafiou ainda o ministro a esclarecer quer este valor quer quando chegarão os anunciados tanques e helicópteros, bem como se Portugal "vai ou não" declarar a Rússia como um Estado patrocinador do terrorismo, mas estas matérias ficaram sem resposta.
O ministro dos Negócios Estrangeiros gastou a quase totalidade dos 16 minutos na sua intervenção inicial, sobrando-lhe apenas 30 segundos para responder aos pedidos de esclarecimento dos partidos.
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, pediu ao Governo que esclarecesse o seu papel na promoção da paz, considerando-o "por vezes equívoco", e lamentando a "escalada armamentista".
O deputado do BE pediu ainda explicações ao Governo sobre alguns casos de "insucesso no acolhimento de refugiados ucranianos", em particular das crianças, muitas fora do sistema de ensino.
Na resposta, o ministro considerou a dimensão humanitária da maior importância e apontou que, entre as crianças ucranianas que não estão na escola, muitas "estão a fazer aulas 'online' e a ter uma escolaridade de forma diferente".
Gomes Cravinho salientou que além da dimensão humanitária, política e financeira, o apoio de Portugal à Ucrânia tem também "uma dimensão irrecusável que é militar".
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