Cerca de meio milhão de jovens de 183 países já estão inscritos para participar no encontro dos jovens com o Papa, que decorre de 1 a 6 de agosto em Lisboa e é considerado o maior acontecimento da Igreja Católica no mundo.
Em Itália, as dioceses começaram recentemente a comunicar o número de inscrições recebidas e, enquanto umas têm centenas de inscritos, Pádua, conhecida em todo o mundo por abrigar o túmulo de Santo António, santo padroeiro de Lisboa, já tem 1.100 jovens registados.
"Até ao ano passado víamos a JMJ em Lisboa com ceticismo", disse à Lusa Giorgio Pusceddu, da Secretaria diocesana de Pastoral Juvenil, justificando esta perspetiva com o facto de a última jornada, no Panamá em 2019, ter sido demasiado longe para a maioria dos jovens italianos e de já terem passado sete anos desde a de Cracóvia, em 2016.
No entanto, "a ausência" provocada pelo facto de a pandemia ter obrigado a adiar a JMJ de Lisboa por um ano, assim como a "irmandade espiritual" entre Pádua e Lisboa terão contribuído para os jovens acorrerem à capital portuguesa, admitiu Pusceddu.
"Sentimos uma vontade enorme de entrar neste evento, de ir além do vazio destes anos", concluiu Pusceddu.
As adesões aumentaram sobretudo após o último apelo feito pelo Papa Francisco, no qual o pontífice agradeceu aos jovens já inscritos no evento e pediu que outros o façam até ao verão.
"Esperamos que outros sigam seu exemplo também! Que Deus os abençoe e Nossa Senhora os guarde", disse o Papa.
O apelo foi ouvido pelos jovens italianos, que lançaram campanhas de angariação de fundos e inventaram maneiras criativas de pagar as viagens.
O custo previsto pelos organizadores das várias viagens varia entre os 300 euros, para pacotes mais básicos, e os 800 euros para viagens mais organizadas, números que despertaram a imaginação dos jovens.
Na Lombardia, alguns grupos organizaram a venda ao domicílio de biscoitos caseiros, outros jovens ofereceram-se como lavadores de carros, outros ainda organizaram caças ao tesouro para os paroquianos ou apresentações teatrais.
Alguns jovens estão mesmo a planear chegar a Lisboa de bicicleta.
O arcebispo de Milão, Mario Delpini, apelou recentemente aos jovens para que façam o possível para financiar a viagem: "A viagem para a JMJ de Lisboa não será sem esforço, sem despesas, sem incerteza. A viagem começa agora também como tempo de poupar dinheiro, de imaginar como partilhar os recursos com quem tem mais dificuldade, de se esforçar para angariar os fundos necessários".
Lisboa foi a cidade escolhida pelo Papa Francisco para a próxima edição da Jornada Mundial da Juventude.
As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, tendo já passado por Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).
A edição deste ano, que será encerrada pelo Papa, esteve inicialmente prevista para 2022, mas foi adiada devido à pandemia de covid-19.
O Papa Francisco foi a primeira pessoa a inscrever-se na JMJLisboa2023, no dia 23 de outubro de 2022, no Vaticano, após a celebração do Angelus. Este gesto marcou a abertura mundial das inscrições para o encontro mundial de jovens com o Papa.
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