Hospital de Portimão 'separa' mãe e recém-nascido por falta de pediatras

"Os dias mais vazios e dolorosos da minha vida", descreve Adriana Fernandes.

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Natacha Nunes Costa
03/03/2023 15:48 ‧ 03/03/2023 por Natacha Nunes Costa

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Adriana Fernandes deu entrada no dia 21 de fevereiro no Hospital de Portimão com uma indução de parto agendada. No dia seguinte, a 22, chegava o tão desejado momento: o nascimento do filho.

Uma felicidade que acabou por ser interrompida, a 24 de fevereiro, quando foi informada que durante o fim de semana não há pediatras ao serviço naquela unidade hospitalar e que o filho teria alta mas ela não, devido às análises que, segundo conta num post partilhado no Instagram, "não estavam nada boas".

Apesar de ter demonstrado que não estava satisfeita com tal facto, a unidade hospitalar insistiu que, devido à falta de pediatras durante o fim de semana, o recém-nascido não poderia ficar internado com a mãe. Tinha de ir para casa. Um bebé com poucas horas de vida e que estava a ser amamentado.

Perante o seu descontentamento, Adriana foi ainda informada que o filho "ia contar como visitante", ou seja, só poderia estar com ele no horário de visitas estipulado pelo hospital.

"Num hospital que se diz 'amigo dos bebés', onde a amamentação é recomendada e a importância da proximidade mãe-bebé é, ou deveria ser, valorizada, como é que me dizem que devo ser separada do meu filho com apenas dois dias de vida?", questiona a recém-mãe.

Mas a história não acaba aqui. No dia em que o pediatra deu alta ao recém-nascido, garante Adriana, o pai teve de ir com ele às urgências, à noite, porque o filho "não estava bem" e reencaminharam-no para Faro. 

"Portanto, eu e o meu filho ficamos internados em hospitais diferentes e ninguém se dignou em transferir-me para perto do meu bebé", denuncia a jovem, sublinhado que sofreu "horrores com saudades" do seu menino e que "ninguém teve a decência de arranjar uma solução".

"Separar-nos não poderia nunca ter sido uma opção", realça ainda.

Adriana só voltou a ter o filho nos braços pelas 22h30 do dia 27 de fevereiro, mais de 48 horas depois de ele ter tido alta, algo que a recém-mãe descreve como "os dias mais vazios e dolorosos" da sua vida.

A  jovem e o companheiro, que se sentiram "impotentes e indignados" com toda a situação, acabaram por escrever no Livro de Reclamações do Hospital de Portimão e esperam agora que a administração deste assuma "os diversos erros que cometeu". É que além de terem separado mãe e filho recém-nascido, de acordo com Adriana, no dia 24 de fevereiro quase teve alta porque os médicos "nem sequer olharam para as análises". 

"Imagino o que poderia ter acontecido se eu tivesse vindo para casa no estado em que estava", atira, adiantando que, no dia 28 de fevereiro, chegou mesmo a ser submetida a uma "nova intervenção cirúrgica".

Apesar do descontentamento, Adriana elogia as equipas de enfermagem que "foram um apoio e um conforto essencial" para que, de alguma forma, se sentisse acolhida perante "um cenário tão triste".

Adriana e o filho acabaram por ter alta já no dia 1 de março. O Notícias ao Minuto falou com a jovem, que mora no Algarve com o companheiro, Willian Catelani, e esta encontra-se em casa a tentar recuperar e assimilar tudo o que lhe aconteceu.

"O CHUA prestou com qualidade a atenção médica que se impunha"

O Notícias ao Minuto pediu esclarecimentos sobre a situação ao Centro Hospitalar Universitário do Algarve. O Conselho de Administração da unidade garantiu, ao final da tarde desta sexta-feira, que, "pela situação da utente e do pai, o CHUA prestou com qualidade a atenção médica que se impunha, felizmente com sucesso e salvaguarda da saúde de todos".

O Conselho de Administração recusou dar informações sobre o caso, justificando-se com os limites do Regulamento Geral da Proteção de Dados.

"Respeitando os limites do Regulamento Geral de Proteção de Dados e, ao abrigo da Lei nº 12/2005 na sua redação atual, informamos que não podemos pronunciar-nos sobre dados dos utentes nem transmitir informação clínica a terceiros, neste caso em concreto à comunicação social", lê-se na resposta remetida por e-mail ao Notícias ao Minuto.

[Notícia atualizada às 17h15]

Leia Também: Expulsão do médico do bebé sem rosto teve a ver com mais "5 ou 6" casos

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