A Arquidiocese de Évora anunciou hoje o "afastamento cautelar" de um sacerdote identificado pela Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.
Em comunicado citado pela Agência Ecclesia, o arcebispo local, D. Francisco Senra Coelho revela ainda ter dado início a uma investigação. A nota acrescenta que “toda a informação será enviada também para o Ministério Público”.
“Enquanto decorrem as investigações, o prelado eborense decidiu pelo afastamento cautelar do sacerdote do ofício de pároco e de todas as atividades pastorais que incluam contacto com menores, sem prejuízo da sua presunção de inocência”, anuncia a Arquidiocese de Évora.
Na lista de nomes entregue pela Comissão Independe, e referentes à Arquidiocese de Évora foram indicados dois nomes, de sacerdotes diocesanos, um dos quais falecido “há alguns anos”, pelo que o processo se considera “extinto”.
“O segundo nome não trazia nenhuma informação complementar e a investigação efetuada nos arquivos diocesanos não encontrou nenhuma denúncia ou inquirição prévias”, pelo que D. Francisco Senra Coelho solicitou à CI “eventuais dados suplementares que permitissem iniciar a investigação”, assinala o comunicado,
A resposta, com data de 7 de março, apresentou “informação referente a abusos ocorridos contra rapazes na década de 1980, no Seminário Menor”.
Recorde-se que também hoje a diocese de Angra informou que os dois sacerdotes, que vêm referenciados no relatório da Comissão Independente por suspeita de alegados abuso de menores, ficam "impedidos do exercício público do ministério” até ao final do processo de investigação prévia.
Estas tomadas de posição contrastam com as declarações feitas na quarta-feira pelo bispo de Beja, quando indicou que "todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas".
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.
Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.
Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.
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