"As declarações são manifestamente infelizes e infundadas, na medida em que lançam um manto de suspeição sobre toda uma classe profissional, que não é permeável a cunhas, favores ou quaisquer outros tipos de situações de duvidosa legalidade", refere o STRN em comunicado.
A estrutura sindical esclarece "que a concessão da nacionalidade portuguesa pode ser atribuída por via de diferentes fundamentos legais (correspondendo a diferente factualidade que tem de ser documentalmente comprovada)", e acrescenta: "Tanto quanto sabemos, a tramitação dos processos dos dois atletas é completamente distinta, porquanto se baseiam em situações diferentes".
O sindicato deixa, por isso, um apelo a Nelson Évora, campeão olímpico do triplo salto nos Jogos Pequim2008: "Caso conheça algum caso que não se enquadre na atuação citada deve denunciá-lo às entidades competentes, uma vez que uma situação dessas, a ser verdadeira, seria totalmente inaceitável caso fosse praticada por quem tem a seu cargo a essencial e fundamental tarefa de garantir a certeza e a segurança jurídicas".
Nelson Évora referiu no domingo, em entrevista à rádio Observador, que Pichardo tinha sido comprado, contestando ainda a rapidez no seu processo de naturalização, em contraponto com o seu.
Na sequência da entrevista de Évora, de 38 anos, Pichardo, atual campeão olímpico, mundial e europeu, acusou-o, através da sua página oficial no Instagram, de lhe faltar ao respeito.
Entretanto, Nelson Évora recorreu às redes sociais para dizer que foi "mal interpretado", esclarecendo: "Aquilo que quis frisar com a questão das nacionalidades é que todos os atletas, nas mesmas circunstâncias, merecem as mesmas oportunidades de igualdade para representar Portugal".
O STRN aproveita as críticas às declarações de Nélson Évora para considerar que os "atrasos com que os cidadãos que pretendem obter a nacionalidade portuguesa se deparam, são inaceitáveis" e garantir que estes se "devem principalmente à falta de recursos humanos".
"Relembramos que estão em falta 234 Conservadores e 1522 Oficiais, e que nos próximos cinco anos se aposentará 70% do efetivo", refere o comunicado, que insta o Governo a abrir rapidamente concursos de recrutamento externo de Conservadores de Registo e de Oficiais de Registo.
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