Quartos entre 695 e 1.096€? Estudantes (e não só) criticam Carlos Moedas

Em causa estão quartos da residência privada 'Nido Campo Pequeno'. Após a polémica, o autarca defendeu que "quem investiu 150 milhões de euros merece uma palavra de agradecimento pelo contributo e criação de emprego".

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© Twitter/Carlos Moedas

Márcia Guímaro Rodrigues
20/03/2023 20:14 ‧ 20/03/2023 por Márcia Guímaro Rodrigues

País

Lisboa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, revelou, na passada sexta-feira, 17 de março, que inaugurou uma nova residência de estudantes, no Campo Pequeno. Desde então têm sido várias as críticas, isto porque se trata da ‘Nido Campo Pequeno’, onde os quartos custam entre 695 e 1.096 euros.

“Inaugurámos a nova Residência de estudantes no Campo Pequeno. Trabalhamos diariamente para aumentar a oferta de habitação: através do setor público e do privado, do setor social e cooperativo”, destacou o social-democrata, na rede social Twitter, onde publicou ainda imagens da inauguração.

Também o site da Câmara de Lisboa destaca a inauguração de “um investimento de 150 milhões de euros que aumenta a oferta da cidade”. “Com 380 quartos de 15 tipologias diferentes, a residência universitária inaugurada a 17 de Março, é uma aposta na valorização da qualidade de vida e bem-estar dos estudantes”, lê-se na página oficial.

Nas redes sociais, são várias as críticas ao presidente da autarquia lisboeta, a quem acusam de considerar que “a educação em Portugal não deve ser sequer para a classe média” e de “não ter vergonha na cara”.

“Inaugurámos o novo stand da Ferrari no Campo Pequeno. Trabalhamos diariamente para aumentar a oferta de transportes: através do setor público e do privado, do setor social e cooperativo”, ironizou um utilizador.

Também houve quem lembrasse que um quarto naquele estabelecimento “por um mês custa mais do que um ano de propinas numa universidade pública” e que há universitários que “ponderam deixar de estudar ou nem ingressar no ensino superior por não conseguir suportar os custos de lutar pelo seu futuro”.

A Federação Académica de Lisboa foi convidada para participar na inauguração, mas tomou “a decisão de não ir”. “Estes custos não são suportáveis para a maioria dos estudantes a frequentar o ensino superior”, disse a presidente da federação, Catarina Ruivo, ao Correio da Manhã, citada pelo jornal online do Bloco de Esquerda (BE), Esquerda.net.

Ainda na esfera política, a vereadora bloquista Beatriz Gomes Dias acusou Carlos Moedas de promover “negócios privados que não resolvem a crise na habitação que afeta os estudantes”.

Também a líder do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu que a residência privada “não é oferta de habitação ou alojamento estudantil acessível”. “É gozar com os estudantes”, atirou nas redes sociais.

Na rede social Twitter, Carlos Moedas fez questão de se ‘defender’. Numa publicação, partilhada esta segunda-feira, o autarca reconheceu que “a falta de oferta de residências para estudantes resolve-se com mais investimento público”, mas “quem investiu 150 milhões de euros merece” em Lisboa “merece uma palavra de agradecimento pelo contributo e criação de emprego”.

“A falta de oferta de residências para estudantes resolve-se com mais investimento público. Em Lisboa damos o exemplo: 320 camas na Alameda até ao final do ano, 900 em projeto, terreno cedido à JF Benfica, para 120”, começou por referir.

E acrescentou: “Mas não temos complexos com o investimento privado. Sim, nós agradecemos a quem investe em Lisboa. Quem investiu 150 milhões de euros merece uma palavra de agradecimento pelo contributo e criação de emprego na nossa cidade”.

Numa pesquisa na página da 'Nido Campo Pequeno' podemos ver quartos (já indisponíveis) a começar nos 695 euros por mês. O valor mais elevado é de 1.096 euros por mês, por um classic Plus Studio com casa de banho e cozinha privativas. 

[Notícia atualizada às 21h12]

Leia Também: Ministra responde às críticas de Cavaco com "realidade e concretização"

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