A presidente da CIRP, em declarações por escrito à agência Lusa, informou que "está prevista a entrega das listas na Assembleia geral da CIRP, a ter lugar nos dias 27 e 28 de abril".
Estas listas serão entregues pelos elementos da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, à imagem do que aconteceu com as dioceses nacionais, que receberam as relações de suspeitos no dia 03 de março, em Fátima, quando se realizou uma Assembleia Plenária extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
A irmã Maria da Graça Alves Guedes, das Religiosas do Amor de Deus, adiantou à Lusa que "a Direção da CIRP tem refletido" sobre as medidas a tomar em relação aos suspeitos que constem nas listas, "mas a determinação de ações a desencadear acontecerá na Assembleia Geral da CIRP com a participação dos Superiores Maiores" das congregações e institutos.
Questionada sobre se os religiosos destas instituições que sejam suspeitos e ainda se encontrem no ativo vão ser afastados temporariamente, enquanto decorrer eventual processo de investigação interna, a presidente da CIRP foi clara, ao responder que "sim".
"Os Superiores Maiores que tiverem essa lista darão o devido seguimento de acordo com as normas canónicas e civis em vigor", acrescentou a religiosa, apontando para a adoção de medidas idênticas às levadas a cabo pelos bispos diocesanos, afastando da atividade os membros do clero suspeitos.
Assegurando que a Direção da CIRP não tem ideia de quantos casos suspeitos poderão constar nas listas a entregar pela Comissão Independente, a irmã Maria da Graça Guedes adiantou ainda não saber quantos casos de abuso terão ocorrido nas congregações e institutos religiosos nos últimos anos, nem o que aconteceu a eventuais suspeitos.
A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas da ordem das 4.815.
Vinte e cinco casos foram reportados ao Ministério Público, que deram origem à abertura de 15 inquéritos, dos quais nove foram já arquivados, permanecendo seis em investigação.
Estes testemunhos referem-se a casos ocorridos entre 1950 e 2022, período abrangido pelo trabalho da comissão.
Na sequência destes resultados, algumas dioceses decidiram afastar cautelarmente do ministério alguns padres, enquanto decorrem os respetivos processos.
No relatório apresentado pela Comissão Independente em 13 de fevereiro, surgiam indicados, quanto as Institutos Religiosos, no caso dos femininos, entre outros, as Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, com oito vítimas, e as Religiosas do Amor de Deus, com três, como os mais afetados.
No que respeita aos masculinos, os Salesianos destacavam-se com 18 vítimas, seguidos dos Jesuítas (12) e Franciscanos -- Ordem dos Frades Menores (11).
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