O médico Gustavo Carona tornou-se conhecido pela generalidade dos portugueses durante a pandemia, quando entrava em direto nas televisões para falar da Covid-19.
Contudo, os mais atentos já o conheciam das missões humanitárias que abraçou ao longo da vida. Algo que nos últimos dois anos teve de deixar para trás, devido a uma doença incurável que lhe provoca dor crónica e o obriga a passar grande parte do dia deitado.
Devido à doença, teve ainda de deixar de trabalhar no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde era intensivista.
Aos 42 anos e com dores incapacitantes, o médico já admitiu várias vezes, na sua página de Instagram, que "não é bonito viver assim e não tem sido fácil emocionalmente encontrar razões para viver". No entanto, Gustavo Carona não desiste e tenta agora "trabalhar apaixonadamente" com os "limões" que a vida lhe deu "para fazer limonada".
"Depois de dias e dias sozinho a olhar para o teto, a pensar", o profissional de saúde decidiu "transformar as fraquezas em força" e seguir em frente com um projeto que tinha guardado.
"Desenterrei um sonho que estava na gaveta há algum tempo, e construí isto, sustentado na pergunta: 'como é que será o mundo se premiarmos a bondade?'. Tem sido este o meu drive, a minha razão para acordar de manhã, o meu sentido para a vida", revelou na sua página de Instagram.
'Prémios Coração e o Mundo'
Assim nasceram os 'Prémios Coração e o Mundo'. Há quatro meses que "uma equipa incrível", como descreve Gustavo, trabalha de forma árdua, sem remuneração, para tornar este sonho realidade e premiar o trabalho, muitas vezes invisível, de pessoas individuais e organizações em áreas de intervenção social.
"Prometi em voz alta, noutros tempos, que nunca iria desistir de trabalhar com o coração para a humanidade. Mas a minha doença mudou-me os planos, e a minha maior luta é pela minha 'sobrevivência'. Mas vim a descobrir que só consigo lutar por mim, se lutar por um bem maior, o bem comum. Dar o amor que tenho, e olhar para o Mundo ainda com mais Coração. Foi assim que nasceu aquilo que prometo que será a coisa mais bonita que Portugal já viu, da transformação das fraquezas em força", realçou o médico no Instagram.
Quando anunciou o seu projeto nas redes sociais, em novembro do ano passado, Gustavo Carona recebeu centenas e centenas de propostas de nomes a premiar. Após uma pré-seleção, cada uma das 17 categorias que irão a votos tem agora uma 'shortlist' de 10 nomeados.
O apuramento final - de quatro nomeados por categoria – será feito agora por dirigentes de organizações experientes na área social e humanitária, já consagradas a nível nacional: Irene Guia (Jesuit Refugee Servide), Isabel Jonet (Banco Alimentar), Francisca Magano (UNICEF), Marta Baeta (From Kibera with Love) e Pedro Calado (ex-Alto Comissário para as Migrações). A todos estes 68 nomeados será entregue um prémio monetário de igual valor.
Posteriormente, o público será chamado a votar no vencedor de cada uma das categorias, numa gala simbólica que Gustavo já intitulou como 'Óscares da Bondade'.
As categorias que irão a votos são: habitação, arte de intervenção, terceira idade, pessoas com deficiência, pessoas em situação de sem-abrigo, direitos das mulheres, pobreza, direitos LGBT+, jornalismo, além-fronteiras – Saúde, além-fronteiras – Educação, refugiados e imigrantes, alterações climáticas, pessoa, crianças e adolescentes em risco, racismo e defesa dos animais.
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