Uma equipa de militares da Marinha voltou a entrar no Greta K, o navio que se incendiou ao largo da foz do Douro na terça-feira e que foi rebocado por uma fragata das Forças Armadas, para apagar dois focos de incêndio identificados no interior da embarcação.
Em comunicado, a Marinha explicou que a equipa, composta por engenheiro e técnicos da Fragata Corte-Real, entrou no navio depois de se ter verificado uma "quantidade significativa de fumo que era possível observar do exterior" e, após a "observação de imagens térmicas efetuadas pelas câmaras de infravermelhos da fragata, foi decidido efetuar uma reentrada no 'Greta K'".
A operação surgiu depois de, na quinta-feira, as autoridades terem começado o reboque difícil do navio. No entanto, devido à forte agitação marítima, não foi possível concluir a operação em direção ao Porto de Leixões, em Matosinhos, e a Marinha fez uma inspeção às condições no interior.
"A razão desta nova visita teve origem na necessidade de fazer uma última confirmação da situação atual do navio mercante, após mais de 24 horas sem arrefecimento externo com recurso a água projetada pelos rebocadores", explica a Marinha.
A inspeção foi de grande dificuldade, esclarece ainda o ramo das Forças Armadas, dada a "falta de iluminação, denso fumo, deformações estruturais, acessos bloqueados e elevadas temperaturas que se faziam sentir no interior do navio, agravadas por forte ondulação".
Os dois focos de incêndio extintos estavam localizados no interior do espaço das máquinas.
"Este foi mais um importante passo dado no sentido de possibilitar o reboque em segurança para o Porto de Leixões, mitigando o risco de desastre ambiental", concluiu ainda o comunicado.
As autoridades foram alertadas na terça-feira para um incêndio a bordo do 'Greta K', um navio-tanque com bandeira maltesa e com uma embarcação predominantemente proveniente das Filipinas, a cerca de uma milha e meia (cerca de três quilómetros) da costa portuguesa, especificamente perto da praia dos Ingleses, no Porto.
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Navio continua a ser assistido e capitão continua a bordo
Em conferência de imprensa em Matosinhos, o comandante da Capitania do Douro de Leixões, Silva Rocha, afirmou que "o navio tinha uma previsão de chegada para hoje de manhã", mas que se verificou "a necessidade de fazer uma inspeção por parte de uma equipa técnica da fragata Corte-Real, porque surgiram dúvidas relativamente ao fumo que saía do navio e a eventual alteração das condições de segurança fixadas no dia anterior".
"Após uma longa inspeção (...) que demorou algumas horas foi, finalmente, estabelecido que o navio tinha as condições de segurança, do ponto de vista da autoridade marítima, para entrar no porto de Leixões", assegurou o responsável, reiterando que a embarcação "continua a ser assistida por dois rebocadores" e que o "capitão do navio e o chefe de máquinas continuam a bordo".
Segundo Silva Rocha, "garantidas as condições de segurança, neste momento o que acontece são questões contratuais entre o armador e o porto de Leixões ou outros portos que venham a aceitar a carga".
Sobre o fumo que hoje voltou a ser visível a sair da embarcação explicou que "havia uma alteração na coloração que poderia indicar uma alteração das condições do navio e algum foco de combustão e constatou-se que havia alguns materiais sintéticos em combustão lenta que produziam este fumo alarmante, mas que veio a ser resolvido de forma eficaz".
"Não está excluída a hipótese de ser rebocado para Leixões", disse, revelando que embora não sejam "conhecidas as causas" do incêndio, este "começou na casa das máquinas do navio".
"A entrada no porto poderá acontecer nas próximas horas", acrescentou, reiterando que a "situação terá de ser resolvida a muito breve prazo, desejavelmente amanhã [sábado] de manhã".
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