Num comunicado conjunto, o GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Quercus-ANCN (Associação Nacional de Conservação da Natureza) e a ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável consideram não ser aceitável que, "num quadro de descarbonização da economia e diminuição da dependência dos combustíveis fósseis", seja "a opção rodoviária, e não a ferrovia, a mais rápida, confiável, confortável" e a que "melhor resposta dá às necessidades de mobilidade entre as duas capitais ibéricas".
Após terem participado nas Primeiras Jornadas Ibéricas pela Ferrovia, promovidas pela Aliança Ibérica em defesa dos caminhos-de-ferro, na semana passada em Madrid, as associações fizeram "uma comparação na deslocação entre Lisboa e Madrid, utilizando o comboio e um transporte coletivo rodoviário".
No caso do comboio, a duração total da viagem entre a capital portuguesa e a espanhola, com três transbordos, foi de 11 horas e 13 minutos, custando 51,57 euros, enquanto de autocarro a viagem foi direta, teve uma duração total de 07 horas e 25 minutos e custou 60 euros.
"São necessárias medidas urgentes", afirmam, defendendo um ajustamento de horários na ligação ferroviária para eliminar um transbordo e reduzir o tempo total da viagem, o que implicará "melhorar substancialmente as condições à disposição dos trabalhadores que asseguram a ligação entre o Entroncamento e Badajoz, bem como introduzir melhorias operacionais neste percurso".
As associações propõem também a promoção junto da Comissão Europeia da "necessária autorização para o financiamento dos serviços noturnos entre Lisboa e Madrid".
Defendem ainda que a IP - Infraestruturas de Portugal permita que a RENFE estenda o seu serviço até Lisboa desde Badajoz e que o equivalente em Espanha - Administrador de Infraestruturas Ferroviárias (ADIF) - reciprocamente permita que a CP estenda o seu serviço da Guarda até Madrid.
E recomendam a atribuição a uma "entidade pública, independente e credível a realização dos estudos necessários e já previstos para a construção da Terceira Travessia Ferroviária sobre o Tejo".
Pedem ainda que sejam criadas "as condições financeiras" na CP para que a empresa "possa iniciar serviços diurnos diretos entre Lisboa e Madrid a partir de 2025".
As organizações signatárias do comunicado indicam também que "Lisboa será a capital da ferrovia ibérica em 2024", anunciando que dentro de um ano se realiza na capital portuguesa a segunda edição das jornadas ibéricas pela ferrovia.
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