Jorge Bacelar Gouveia, presidente do Conselho Diretivo do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), em declarações à SIC Notícias, esta manhã, alertou que devemos "olhar" para este ataque "com bastante preocupação" e que "não devemos embarcar em certas ideias" de que se tratou apenas de "um ato isolado" e que "está já tudo resolvido".
Em entrevista, Bacelar Gouveia chamou, ainda, para a necessidade de se fazer uma investigação sobre o sucedido, para "perceber a motivação" do atacante, "saber como ele estava inserido em Portugal", entre outras questões.
O presidente do Conselho Diretivo do OSCOT considerou, adicionalmente, que a "intervenção" do Centro Ismaili em Portugal "pode ficar manchada" com este incidente, devendo a mesma ser "preservada na sua dignidade" - e apelando, aqui, à ação do Governo português neste sentido.
Face a este caso, Bacelar Gouveia considerou que existe um "dado objetivo": tratou-se de um "atentado, de um duplo homicídio". E acrescentou: "Se é terrorismo ou não, é uma questão ainda a determinar, mas eu não excluiria essa hipótese à partida".
"Mas penso que há uma dimensão do ponto de vista religioso evidente, porque isto é feito no seio de uma comunidade religiosa, são mortas duas pessoas, por outra que também pertence a uma religião do mesmo contexto islâmico (...), portanto penso que essa questão deve ser equacionada desse ponto de vista", apontou também.
Nas suas declarações, Bacelar Gouveia destacou ainda que "Portugal está referenciado como um dos países de maior risco do ponto de vista dos atentados jihadistas ou relacionados com o radicalismo do Islão".
Na manhã de terça-feira, um homem de nacionalidade afegã tirou a vida a duas mulheres portuguesas no Centro Ismaili, na Avenida Lusíada, em Lisboa. O agressor foi baleado na perna pelas autoridades policiais, tendo já sido submetido a uma intervenção cirúrgica. De momento, encontra-se estável.
O acontecimento provocou consternação no seio da comunidade ismaelita em Portugal, com o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a ter-se disponibilizado para ser ouvido no Parlamento sobre o tema.
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