Abdul Bashir, o cidadão afegão que matou duas mulheres, na passada terça-feira, no Centro Ismaili, em Lisboa, era acompanhado em psicologia na Cruz Vermelha Portuguesa, existindo, então, indicação de que os seus problemas de ordem mental estavam já sinalizados de alguma forma.
O homem foi submetido a exames médicos no início do processo de atribuição do estatuto de refugiado, quando chegou a Portugal, nos quais lhe foi diagnosticado um distúrbio mental, merecedor de acompanhamento e medicação. Assim, e de acordo com o Jornal de Notícias, Abdul passou a ser seguido na Cruz Vermelha ao mesmo tempo que frequentava o Centro Ismaili.
Mesmo quando tentou mudar-se para a Alemanha - o que acabou por não conseguir, uma vez que foi Portugal que lhe concedeu asilo com proteção -, o afegão não interrompeu a terapia. Isso só veio a aconteceu mais tarde, e por vontade própria.
A 'chamada mistério' que poderá ter espoletado episódio mental
Na manhã de terça-feira, quando assistia a uma aula de português no Centro Ismaili, na véspera de uma viagem para a Suíça com os três filhos menores, Abdul recebeu uma chamada na qual foi informado da recusa de um documento oficial sem o qual não podia voar para Zurique, de onde poderia tentar novamente chegar a Alemanha. Este terá sido o gatilho para o que aconteceu a seguir.
Abdul feriu com uma facada o professor (o ferido grave ainda internado) e saiu da aula em direção a outra sala, onde esfaqueou mortalmente Mariana Jadaugy, de 24 anos, - por quem tinha desenvolvido um interesse amoroso nos últimos meses - e Farana Sadrudin, de 49 anos. Outra pessoa que tentou interferir, em auxílio das vítimas, também ficou ferida.
A Polícia Judiciária já admitiu que o episódio tenha resultado de "um surto psicótico do agressor", que está hospitalizado após ser baleado pela polícia. O atacante não deverá ter alta antes de um período de 10 dias e só então haverá condições para ser submetido a interrogatório pelo juiz de instrução.
Bashir terá vindo da Grécia para Portugal, depois de ter perdido a mulher num campo de refugiados naquele país. O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, confirmou que o homem, "relativamente jovem", tem três filhos menores, de 9, 7 e 4 anos. As crianças estão provisoriamente numa instituição, mantendo o contacto com a comunidade e as rotinas escolares.
As cerimónias fúnebres das duas vítimas principais do ataque acontecem esta sexta-feira. Farana será velada no próprio Centro Ismaili e Mariana numa igreja, por preferência da família, uma vez que é católica.
Leia Também: Ataque ligado ao poder parental? Marcelo afirma que "não tem informações"