O embaixador da Rússia na Organização das Nações Unidas (ONU), Vasily Nebenzya, acusou, esta semana, Portugal - e também Espanha e Alemanha - de terem retirado "centenas de crianças" ucranianas às famílias para as colocarem em estruturas de acolhimento.
As acusações foram quase de imediato "repudiadas" pelo Governo, que para além de as negar, reforçou, a partir de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros o apoio a Kyiv, nomeadamente, "no acolhimento aos ucranianos deslocados, vítimas da agressão da Rússia ao seu país".
Segundo avançou esta sexta-feira a RTP, desde que o conflito na Ucrânia teve início e que Portugal começou a receber estes refugiados, o Ministério Público recebeu a informações de que 942 menores entraram em território nacional sem os pais ou representantes legais - notificação esta que é obrigatória fazer.
Ainda de acordo com as informações obtidas pelo canal, 27 crianças foram retiradas às famílias, nove das quais continuam institucionalizadas.
A RTP1 falou com uma mãe que foi afastada das filhas, depois de uma denúncia de alegados maus tratos ter resultado num processo de residencialização das menores, de 4 e cinco anos. Esta situação aconteceu seis meses depois de chegar a Portugal, e Snizhana Volodymyrivna terá sido chamada pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), em Miranda do Corvo, no distrito de Coimbra.
"Não tenho ajuda aqui. Não tenho pais, o meu marido está na guerra agora e quero que alguém me ajude a voltar os meus filhos para a Ucrânia", referiu a mulher.
O canal chegou ainda à fala com uma das mulheres cuja situação foi denunciada pelo embaixador russo. Alina Komisarenko terá referido, num vídeo partilhado pelo embaixador - e antes difundido por um blogger pró-Putin - que lhe foi dito que "precisava de ter melhores condições de habitação".
Já o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Pavlo Sadokha, disse à RTP1 que estava a acompanhar esta situação, a que chama "vídeos de propaganda russa". Apesar de reconhecer que são casos reais, o responsável diz que as interpretações são feitas de forma diferente. "Reagiram igual - da mesma forma que podiam ter reagido para qualquer criança portuguesa", defendeu.
Leia Também: Rússia acusa Portugal, Espanha e Alemanha de roubarem crianças ucranianas