Médica do CHUA acusa colega e diretor de cirurgia de negligência

A interna Diana de Carvalho Pereira refere que apresentou queixa na Polícia Judiciária, mas também à Ordem dos Médicos, à Entidade Reguladora da Saúde, e à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). Ordem dos Médicos diz que denúncias "têm de ser verificadas" mas que "têm contornos de grande gravidade".

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Marta Amorim
10/04/2023 14:57 ‧ 10/04/2023 por Marta Amorim

País

Hospital de Faro

Diana Pereira de Carvalho, médica interna no Hospital de Faro, acusa o ex-orientador de formação e o diretor do Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro de vários casos de erro e negligência registados naquela unidade hospitalar entre janeiro e março deste ano.

Terão sido, alegadamente, praticados pelo antigo orientador, que é médico cirurgião. A interna fala em 11 casos de negligência que denunciou Polícia Judiciária, mas também à Ordem dos Médicos, à Entidade Reguladora da Saúde (ERS), e à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). 

"Fiz uma queixa na Polícia Judiciária de Faro contra o meu ex-orientador de formação e contra o Diretor do Serviço de Cirurgia", revela numa publicação nas redes sociais que, contudo, não revela nomes.

"Relatei onze casos ocorridos entre janeiro e março deste ano daquilo que considero erro/negligência e que estão neste momento a ser investigados pelo MP", pode ler-se

"Dos 11 doentes: três morreram, dois estão internados nos cuidados intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen", escreve na publicação que entretanto já se tornou viral.

Para além do médico em causa, a jovem denuncia, ainda, o diretor do serviço. "Conhece os casos das queixas e não decidiu fazer queixa ou afastar o cirurgião em causa. É, portanto, conivente com os atos e foi também, pelo mesmo motivo, alvo das queixas", escreve Diana, que diz ainda ter sido alvo de represálias.

"Inventaram uma história para me difamar junto ao hospital inteiro. Alegam insanidade, quando a minha queixa é referente a atos clínicos, baseada em provas com meios complementares de diagnóstico e relatos cirúrgicos. Alegam insanidade. Nunca fui um perigo para nenhum doente, ao contrário deles", refere. 

"As denúncias têm de ser verificadas, mas têm contornos de grande gravidade"

O Notícias ao Minuto falou com o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, que confirma o contacto com Diana Pereira de Carvalho, com quem se mantém "em permanente comunicação". 

"Comunicámos as informações a várias entidades, nomeadamente ao Ministério Público, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), ao Ministério da Saúde e ao próprio hospital, a quem pedimos explicações", revela.

"As denúncias têm de ser verificadas, mas têm contornos de grande gravidade", revela Carlos Cortes, que acrescenta não ter conhecimento de mais nenhuma queixa do mesmo âmbito no hospital em questão. As queixas recebidas seguiram para Conselho Disciplinar na Ordem dos Médicos e são agora investigadas

A Ordem dos Médicos revelou ainda que está agendada, no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA), uma reunião, esta sexta-feira, para debater o caso.   

Contactado pelo Notícias ao Minuto, o CHUA refere que o Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) "não teve, anteriormente, conhecimento de nenhum dos casos denunciados pela médica interna, uma vez que a mesma optou por os participar a entidades externas e só posteriormente informou o CA". O hospital afirma ainda que foi instaurado um processo de inquérito interno, "urgente, nomeando Instrutor um reputado médico sénior da unidade de Portimão do CHUA". Esse processo de inquérito está em execução.

"Concomitantemente, o Director Clínico pediu ao Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos a abertura de inquérito urgente, com vista a avaliar a conduta assistencial, matéria da maior relevância para o CHUA e para os utentes", pode ainda ler-se em resposta às questões colocadas. 

O Conselho de Administração frisa, por fim, que de "tudo fará para garantir a segurança e a qualidade da atividade assistencial do Centro Hospitalar", bem como zelará "pelas condições de exercício dos seus profissionais". 

O Notícias ao Minuto contactou ainda o Ministério Público e o Ministério da Educação, entidades das quais ainda não obteve resposta. 

[Notícia atualizada às 15h48 com a resposta enviada pelo CHUA]

Leia Também: Covid-19. Cirurgias adiadas levaram a mais 45 dias no tempo de espera

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