O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, garantiu esta segunda-feira que, no que concerne aos cidadãos portugueses no Sudão, ainda "não estão todos fora do país, mas estão todos fora de uma situação de maior perigo".
As declarações foram proferidas pelo governante na cidade do Porto, onde vai decorrer, esta manhã, o Fórum Empresarial Portugal-Brasil, que contará com a participação do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
Considerando que "até estarem todos fora do país, não estão totalmente livres em perigo", João Gomes Cravinho destacou porém, perante os jornalistas, que estão "todos fora da zona de conflitos".
Segundo o ministro, foram identificados 22 portugueses no território deste país, que tem sido afetado por fortes combates nos últimos tempos, com 11 cidadãos a já terem sido retirados do país, estando agora no Djibouti. Trabalho que, esclareceu, foi feito pela "missão espanhola" e, também, pelo apoio encetado por França, pela ONU (Organização das Nações Unidas) e, ainda, por uma "escola internacional".
"Desses 22 (portugueses no Sudão), 21 quiseram sair, e são esses que estamos a apoiar e a acompanhar a saída", apontou. O outro cidadão "quis ficar e está numa zona relativamente segura, no sul do país".
Os restantes portugueses, ainda no Sudão, estão agora "a caminho das fronteiras" do país, com vista a abandonar o mesmo.
"Naturalmente que, até estarem todos fora do país e em território nacional, continuaremos a acompanhar e a apoiar" a situação, destacou João Gomes Cravinho quando questionado pelos jornalistas sobre o tema.
O ministro que tutela a pasta dos Negócios Estrangeiros explicou estar ainda por definir se o transporte desses cidadãos portugueses de África para Portugal será feito por meios da Força Aérea ou de países "aliados" - nesse caso para nações como Espanha ou França.
De recordar ainda que a Itália anunciou, esta segunda-feira, a retirada de 136 pessoas da capital do Sudão, Cartum, entre eles portugueses, para Djibuti, numa operação coordenada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano. No domingo, a Espanha tinha anunciado o mesmo.
Isto após vários países terem anunciado operações de repatriamento de cidadãos retidos no Sudão, na sequência dos violentos confrontos registados no país ao longo da última semana. Combates esses que colocam, frente a frente, as forças armadas, comandadas pelo líder de facto do país desde o golpe de Estado de outubro de 2021, o general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), chefiados pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como 'Hemedti'. Ambas as partes disputam o controlo do país.
Segundo a mais recente contagem da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 413 civis morreram e 3.551 ficaram feridos desde o início do conflito no Sudão.
[Notícia atualizada às 09h45]
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