O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse, esta segunda-feira, que “matérias muito sensíveis de Estado são tratadas discretamente”, quando questionado face à nova polémica que assolou o Governo de António Costa e que afeta o ministro das Infraestruturas, João Galamba.
“Não cabe nem a mim, nem ao senhor primeiro-ministro, estar a dizer dia tal, hora tal, nestas circunstâncias. As coisas sucedem, vão sucedendo, e depois verifica-se que sucederam”, começou por dizer o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas, no âmbito da inauguração de uma exposição sobre o mundo do trabalho, em Lisboa.
Recorde-se que, no sábado, horas após a polémica 'rebentar', Marcelo remeteu comentários sobre o caso que envolve o ministro das Infraestruturas para mais tarde, após falar com o primeiro-ministro, António Costa.
“Estes casos normalmente são discretos, são matérias muito sensíveis de Estado, são tratadas discretamente”, complementou, referindo-se ao caso que rodeia Galamba, acusado pelo seu agora ex-adjunto, Frederico Pinheiro, de que "quis mentir à Comissão Parlamentar de Inquérito" à TAP.
O Presidente da República escusou-se a tecer mais comentários sobre o tema, assinalando, depois, o dia 1 de maio, data em que se comemora o Dia do Trabalhador.
"Há uma lição óbvia. Em ditadura não há liberdade, em democracia há liberdade. Há fatores que encontramos aqui que foram decisivos na ditadura, mas foram permanentemente importantes em democracia. Os estudantes, ou seja, a educação; a coesão social, só há desenvolvimento económico justo se houver coesão social; e a política", elencou, apontando ainda que "sem boa economia, é difícil haver boa política".
"Pode haver alguma boa economia, mas isso não ser suficiente para haver boa política", disse, naquilo que pode ser interpretado como um alerta dirigido ao primeiro-ministro, face às continuadas polémicas do Governo socialista.
De notar que em causa está a coordenação de uma reunião secreta do PS com a ex-CEO da TAP, através de mensagens de Whatsapp e correio eletrónico, que foram divulgadas pela SIC e pela CNN Portugal, na quinta-feira. O caso levou, na sexta-feira, à exoneração do adjunto do gabinete do ministro das Infraestruturas, por "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício das suas funções num gabinete ministerial".
[Notícia atualizada às 12h26]
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