Ao contrário da ação de novembro de 2022, os estudantes desta vez não fecharam o liceu a cadeado e as aulas estão a decorrer com normalidade.
"Gás, petróleo, carvão, deixá-los no chão" ou "Pelo Clima, unidos, ocupamos, resistimos" foram algumas das palavras de ordem mais gritadas pelos jovens, enquanto tocavam tambores e criavam percussão em caixotes do lixo.
Em declarações à agência Lusa, a ativista Clara Pestana disse que haverá "diversas palestras, sessões e concertos relacionados com o ativismo climático".
"Conseguimos, em conjunto com a direção [Liceu] Camões, que as faltas fossem justificadas para todos os alunos que se juntarem a nós e, portanto, nosso objetivo é trazer o máximo de pessoas para esta luta, (...) porque sem aumentarmos a nossa disrupção não vamos chegar a lado nenhum", observou.
Clara Pestana lembrou que, ao longo dos anos, as manifestações contra as alterações climáticas têm sido ignoradas.
"Isto não é admissível, porque se não fizermos nada (...) chegamos a ponto de não retorno e o nosso futuro é o colapso civilizacional. E, por isso, lutamos, e, por isso, ficamos aqui... Vamos resistir ao longo desta semana", afirmou.
Questionada sobre o não encerramento do estabelecimento de ensino, como aconteceu há cerca de sete meses, a estudante explicou que os ocupantes conseguiram "encontrar um ponto de compatibilização com a escola".
"O nosso objetivo é trazer o maior número de alunos possível, mas por agora optámos por não fechar, porque a hipótese de os alunos irem para casa terem aulas 'online' faria com que eventualmente não se juntassem a nós", salientou.
Do lado de fora do Liceu Camões, Teresa Núncio, porta-voz do movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!", assinalou o encerramento da escola António Arroio e o bloqueio da escola Dona Luísa de Gusmão, ambas em Lisboa.
"A longo prazo, nós temos objetivos concretos: Fim ao [combustível] fóssil até 2030, eletricidade 100% renovável até 2025. Nós queremos ter a certeza de que chamamos os responsáveis à responsabilidade", afirmou, apelando para que os "especialistas e os governos ponham os planos em prática".
Ao início da manhã, várias centenas de ativistas fecharam a escola António Arroio, numa iniciativa do movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!".
"Nós estamos aqui para dizer que nos têm de garantir um futuro, que nos têm de garantir o mínimo que é o direito à vida", acrescentou.
Teresa Núncio esclareceu que os ativistas não estão falar com o Governo e que as ocupações têm o mote de "chamar à responsabilidade" quem está a falhar, impondo prazos.
"Isto é um problema de toda a gente, não só dos estudantes e dos ativistas. Nós estamos a dizer: Não vamos sair das escolas, não vamos deixar a normalidade andar para a frente e desresponsabilizarmo-nos, como toda a gente, até termos 1.500 pessoas comprometidas com tomar a ação e parar a destruição", disse, apelando também à participação popular numa ação de desobediência civil prevista para o porto de Sines, no dia 13 de maio.
De acordo com a porta-voz, "qualquer pessoa se pode juntar" à ação, apontando, atualmente, para menos de 200 inscritos na plataforma 'online' Parar o Porto de Gás (https://pararogas.pt/).
"É onde entra a maior parte do gás fóssil no nosso país e o gás fóssil é combustível fóssil e os combustíveis fósseis são a maior causa da crise climática neste momento", sustentou.
Os jovens também têm ocupações agendadas para a Faculdade de Belas Artes, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova, todas em Lisboa, e a Faculdade de Letras de Coimbra e Faculdade de Letras do Porto.
Os manifestantes exigem o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, reivindicações idênticas a protestos no ano passado, quando encerraram algumas escolas em Lisboa.
Os jovens ativistas estão, desde a passada quarta-feira, a fazer ações de protesto pelo clima em escolas de Lisboa e do Algarve, ocupando a Faculdade de Letras, a Faculdade de Psicologia e o Instituto Superior Técnico, a Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão, em Lisboa, e Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro.
[Notícia atualizada às 12h55]
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