"Clara violação do direito internacional" na destruição de barragem
O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, reagiu hoje à destruição da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia, considerando que se trata de "uma clara violação do direito humanitário internacional".
© Thierry Monasse/Getty Images
País Ucrânia/Rússia
"Portugal expressa solidariedade para com o povo ucraniano após a destruição da barragem de Nova Kakhovka e condena a destruição de infraestruturas civis, que são uma clara violação do direito humanitário internacional", afirma uma breve nota do gabinete do chefe da diplomacia portuguesa na rede social Twitter, acrescentando que "as ações brutais da Rússia contra a Ucrânia devem cessar".
A destruição parcial da barragem de Kakhovka, no sul da Ucrânia, numa região controlada pelas forças russas, provocou inundações em pelo menos 24 localidades e cerca de mil civis foram retirados da zona, anunciou hoje o ministro do Interior ucraniano, Igor Klymenko.
"Nesta fase, 24 localidades da Ucrânia foram inundadas. O Ministério do Interior já retirou cerca de mil pessoas. A evacuação [das zonas afetadas] continua", disse Klymenko à televisão ucraniana, segundo a agência francesa AFP.
As autoridades ucranianas disseram anteriormente que as inundações podem afetar 26 mil pessoas em 80 localidades.
Kiev e Moscovo acusaram-se mutuamente pela destruição da barragem.
A UNICEF afirmou hoje em comunicado que está no terreno para avaliar as necessidades urgentes das comunidades afetadas por esta destruição, que terá causado inundações significativas, deslocamentos e escassez de eletricidade.
"É provável que afete a disponibilidade de água, uma vez que o reservatório também era utilizado para as redes de abastecimento", refere o comunicado, indicando que cerca de 16 mil pessoas foram realocadas das aldeias inundadas e foram organizados comboios para auxiliar nas evacuações das áreas afetadas, partindo para Mykolaiv, Odessa, Dnipro, Zaporijia e Kropyvensisky, no sul da Ucrânia.
A resposta da UNICEF inclui garrafas de água, 'kits' para crianças em movimento, 'kits' de higiene e pastilhas de purificação de água e apoio psicossocial e atividades recreativas em várias das regiões afetadas.
"A UNICEF continua a monitorizar de perto a situação e está empenhada em fornecer apoio imediato às comunidades afetadas. Estamos a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades locais e parceiros para garantir que as necessidades das crianças e respetivas famílias sejam atendidas durante este período", afirmou a instituição.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky considerou que "o mundo deve reagir" na sequência da destruição parcial da barragem.
"A Rússia fez explodir uma bomba, provocando danos ambientais massivos", afirmou Zelensky num discurso por videoconferência aos "Nove de Bucareste", uma organização que reúne nove países da Europa central e oriental membros da NATO, segundo um vídeo partilhado pelos seus serviços.
Kiev pediu igualmente uma reunião de urgência do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a destruição parcial da barragem de Kakhova.
A Ucrânia anunciou ainda que 150 toneladas de óleo de motor foram derramadas hoje no rio Dniepre, na sequência da destruição da barragem hidroelétrica, alertando para um risco ambiental.
A Rússia acusou por sua vez a Ucrânia de um ato de "sabotagem deliberada" na sequência da destruição da barragem hidroelétrica.
"Trata-se inequivocamente de um ato de sabotagem deliberada por parte dos ucranianos, que foi planeado e executado sob as ordens de Kiev", disse o porta-voz do Kremlin (presidência russa), Dmitri Peskov.
Ainda noutra reação, a União (UE) Europeia avisou que a destruição da barragem leva a ofensiva a um "nível sem precedentes" e pode ser considerada uma violação do direito internacional.
A guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a pior crise de segurança desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de baixas civis e militares no conflito, mas diversas fontes, incluindo as Nações Unidas, têm admitido que será muito elevado.
A Ucrânia tem contado com o apoio dos aliados ocidentais no fornecimento de armamento, aliados esses que também impuseram sanções contra os interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra no território ucraniano.
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