Marcelo associa acordo sobre Defesa com África do Sul a Moçambique

O chefe de Estado português associou o acordo de Defesa entre Portugal e a África do Sul assinado hoje em Pretória à situação de insegurança no norte de Moçambique, e dissociou-o da guerra na Ucrânia.

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© Miguel Figueiredo Lopes/ Presidência da República

Lusa
06/06/2023 16:56 ‧ 06/06/2023 por Lusa

País

Marcelo Rebelo de Sousa

Marcelo Rebelo de Sousa falava no palácio presidencial, Union Buildings, em Pretória, em conferência de imprensa conjunta com o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que o recebeu hoje durante a sua visita de Estado à África do Sul.

Interrogado sobre o que motivou a assinatura de um acordo bilateral em matéria de Defesa na atual conjuntura internacional, entre um país membro da NATO, Portugal, e a África do Sul se declara "não alinhada" em relação à guerra na Ucrânia, o chefe de Estado respondeu que "o mundo e o tempo não acabam" nesse conflito.

"Embora seja obviamente muito importante, é evidente que há outros cenários a exigir intervenção para a manutenção da paz ou para a construção da paz, e cenários nos quais estamos envolvidos já", acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou o caso da "atual cooperação portuguesa com Moçambique no domínio de apoio à garantia da afirmação da plena integridade territorial, da soberania do Estado e da segurança atingida por ataques terroristas no norte de Moçambique".

"A República da África do Sul tem desempenhado aí uma missão no quadro de uma iniciativa africana mais vasta", referiu.

"Mas para além disso nos estamos preocupados com situações de em manutenção da paz e da segurança em todos os continentes", acrescentou.

Portugal e a África do Sul aproximam-se na "cooperação no domínio da ciência e tecnologia, no conhecimento do mar, no futuro dos oceanos e da segurança dos oceanos", apontou.

O chefe de Estado português mencionou que o acordo bilateral de Defesa hoje assinado cobre matérias relativas "à ciência, à tecnologia, às missões de paz, à geografia e à cartografia, à hidrografia, à segurança marítima à saúde militar, à indústria da defesa" e qualificou-o como "transversal, ambicioso e virado para o futuro".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, este "leque muito vasto de domínios que é abrangido por este acordo" mostra que o acordo "não tem especificamente nada a ver com uma situação concreta" da guerra na Ucrânia.

"Tem a ver com uma realidade que é a realidade dos dias de hoje, e tem toda a lógica ser celebrado entre países que, independentemente de pertencerem um a uma organização de unidade africana, outro a uma organização de unidade europeia, e terem os seus alinhamentos ou não alinhamentos, são multilateralistas, defendem o papel das Nações Unidas e defendem a necessidade de trabalhar pela paz e a segurança no mundo", sustentou.

O Presidente da República considerou que a sua visita à África do Sul "vai ser o começo de uma nova fase", de "um novo ciclo" nas relações bilaterais.

Leia Também: "Clara violação do direito internacional" na destruição de barragem

 

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