O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, 'respondeu', esta quarta-feira, às declarações do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que disse hoje que "não era um ramo" morto, numa alusão ao discurso do chefe de Estado no Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.
"Estão a falar do meu discurso de 10 de Junho? Fiz o discurso e depois, desde 10 de Junho até hoje, dia 14, houve vários comentadores a comentarem o discurso. Um princípio básico meu é de não comentar os comentadores políticos e jornalísticos", referiu, em Londres, onde está para assinalar os 650 anos da aliança luso-britânica juntamente com o Rei de Inglaterra, Carlos III.
Confrontando pelos jornalistas sobre as declarações não surgirem de um comentador, mas sim de um ministro, Marcelo repetiu: "Não comento comentadores".
Em causa está o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, que, no sábado, disse ser necessário cortar “ramos mortos que atingem a árvore toda”. Apesar de não ter comentado o discurso diretamente, o ministro Galamba recusou-se a "fazer considerações hermenêuticas sobre botânica e viticultura". "Era o que mais faltava" sentir-me um "ramo morto" neste Governo, respondeu João Galamba, quando questionado sobre a forma como, alegadamente, o chefe de Estado se referiu a si no discurso que protagonizou no Dia de Portugal.
Voo? "Ninguém na Presidência tinha pedido alteração"
Em termos de política nacional, Marcelo abordou, nesta declaração, também o caso da alteração do pedido de voo de Moçambique para Portugal, que chegou à ex-CEO da TAP pelo ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, hoje ouvido no Parlamento. Segundo revelou o deputado da Iniciativa Liberal Bernardo Blanco, a Top Atlântico assumiu o pedido, que Marcelo Rebelo de Sousa sempre negou que tivesse partido da Presidência.
"Quando isso foi levantado, eu disse isso: ninguém na Presidência tinha pedido alteração. Em 2.º lugar, que também não tínhamos a ideia que tivesse havido instruções oficiais, do Estado, do Governo, nesse domínio", lembrou.
"Se for solução equilibrada, não tenho dificuldade em promulgá-la"
Ainda em relação a política interna, Marcelo Rebelo de Sousa foi confrontado sobre o ano "conturbado" no setor da Educação, e também questionado sobre se Estado, primeiro-ministro e professores ficavam todos mal dada a situação.
"Prefiro ver a questão de outra perspectiva [...]. Todos os que têm a ver com a educação, nesta altura, o que querem é que, depois destes anos letivos que vivemos, se chegue ao fim deste ano letivo e que se chegue com uma solução de paz para que o próximo ano letivo possa ser preparado e possa começar de uma forma que corresponda às expetativa de todos", notou.
Marcelo ressalvou ainda que o que isto significa é que "todos" devem estar a trabalhar no início de um novo escolar, assim como "ter a questão dos professores, de alguma maneira, não direi totalmente resolvida, mas resolvida em termos de se chegar a uma solução que seja equilibrada de todas as partes".
O chefe de Estado disse também que estava à espera do diploma sobre a recuperação do tempo dos professores, e relembrou que iria ouvir sindicatos antes de tomar decisão. "Espero que seja uma solução equilibrada. Por um lado, sabe-se que não pode ser uma solução global - e que há limitações de várias naturezas - financeira e administrativa - que não permitem essa solução imediata", afirmou, acrescentando que do lado do Governo se espera que este proporcione um clima para que o próximo ano letivo se possa iniciar de forma mais serena e pacificada.
"Se for solução equilibrada, não tenho dificuldade em promulgá-la", garantiu.
[Notícia atualizada às 20h09]
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