Em causa o projeto Sou+, que contempla um investimento superior a 160 mil euros, cofinanciado pelo Programa Operacional Norte 2020, através do Fundo Social Europeu.
"Foi possível ajudar 50% dos beneficiários a saírem da rua e/ou a encontrarem um trabalho, sendo que a meta do projeto era 20%", disse uma das técnicas responsáveis pelo projeto, durante uma sessão de apresentação dos resultados.
Inicialmente, o projeto previa chegar a 60 beneficiários, mas acabou por contemplar 89.
Destes, 57 tiveram um gestor de caso, cuja função é garantir um acompanhamento de proximidade e servir de ponte entre as necessidades de quem está na condição de sem-abrigo e as respostas existentes.
De acordo com os dados hoje revelados, o Sou+ também conseguiu também aumentar o acesso a cuidados de saúde básicos e especializados, através de uma equipa multidisciplinar, tendo sido possível dar apoio a 59 pessoas com necessidade de cuidados de saúde primários ou especializados e realizar 105 atendimentos para implementação de planos individuais de intervenção.
O projeto deu particular enfoque à questão da saúde mental.
Em termos do reforço da rede de respostas locais dirigidas ao acolhimento e/ou ocupação e capacitação, foi criado um Centro Ocupacional de Inserção Diurna, que realizou 148 sessões de educação não formal e sete workshops temáticos.
Foram ainda promovidas 11 ações de sensibilização e capacitação de profissionais de diferentes serviços e entidades, para promoção do conhecimento sobre a dimensão e natureza do fenómeno das pessoas sem-abrigo e do acesso da sociedade civil e institucional à informação sobre o tema, assim como de responsabilização e mobilização de entidades públicas e privadas, com vista a uma intervenção integrada.
O projeto foi promovido pela Câmara Municipal de Barcelos, em parceria com o Grupo de Ação Social Cristã e a associação Médicos do Mundo.
No âmbito do projeto, foi também produzido o Guia Digital "Pessoas em Situação de Sem-Abrigo". O que fazer? Como ajudar?", que fornece informações úteis para que qualquer pessoa possa agir, de forma imediata e adequada, perante qualquer situação com que se depare.
São consideradas sem-abrigo as pessoas que vivem em espaço público, alojadas em abrigo de emergência ou com paradeiro em local precário, bem como as que estão em alojamento temporário destinado ao efeito.
O projeto tem término marcado para 30 de junho, mas o vereador da Ação Social, António Ribeiro, disse que o município está "a analisar com muito cuidado" a questão da sua continuidade.
"Acaba o financiamento, acaba o projeto, mas continuamos a precisar de soluções. Os resultados são muito bons, o que faz com que queiramos continuar", disse o autarca, lembrando que o problema dos sem-abrigo "tende a aumentar, com a atual crise da habitação".
António Ribeiro disse à Lusa que neste momento, no concelho, estão identificadas 10 pessoas "sem teto", das quais cinco pernoitam num espaço de acolhimento temporário e as outras cinco vivem na rua.
Há ainda outras 19 pessoas "sem casa", que vivem em alojamentos temporários.
Em 31 de dezembro de 2020, o município tinha identificado 59 pessoas em situação de sem-abrigo em Barcelos.
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