Um relatório do Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo (GPAHE, na sigla em inglês), publicado na segunda-feira, traça um retrato dos "grupos de ódio e extremistas" em Portugal - e, mesmo 'deixando de fora' os que gravitam "exclusivamente online" - contou 13 projetos, onde se inclui o partido "em crescimento" Chega!, liderado por André Ventura.
O GPAHE identifica estes grupos como "mantendo crenças e atividades que menorizam, assediam ou inspiram violência contra pessoas com base nos seus traços de identidade", salientando considerar a maioria como "anti-imigração, nacionalistas brancos ou ambos".
Wendy Via, cofundadora do Projeto Global contra o Ódio e o Extremismo, considera, na apresentação que acompanha o relatório, que "o fervor nacionalista branco e anti-imigração entre os grupos de extrema-direita em Portugal é muito preocupante, especialmente quando partidos políticos e grupos radicais estão a espalhar o mesmo ódio".
No que ao Chega! diz respeito, o GPAHE avança que este partido, "em particular", "tem trabalhado para envenenar o discurso nacional com uma retórica racista, anti-LGBTQ+, anti-imigração e anticigana" e, ainda de acordo com o relatório, "é um vetor comum para movimentos mais radicais da extrema-direita portuguesa".
"A rápida ascensão e influência do Chega é um aviso de que nenhum país é verdadeiramente imune a forças exclusivistas, demagógicas", acrescenta-se.
De recordar que, nesta legislatura, o partido de André Ventura conta com 12 deputados na Assembleia da República, o maior grupo parlamentar conseguido até ao momento pelo Chega. Nas últimas eleições legislativas, ficou em terceiro lugar, (apenas) atrás de Partido Socialista (PS) e Partido Social Democrata (PSD).
"Tendência de influência internacional"
Há, nestes movimentos, "uma tendência de influência internacional" e "os grupos presentes em Portugal exemplificam que estes movimentos de extrema-direita são verdadeiramente transnacionais".
"Por exemplo, a extrema-direita portuguesa bebe dos movimentos neofascistas franceses (Movimento Social Nacionalista), neofascistas italianos (Escudo Identitário/Força Nova), identitários franceses (Portugueses Primeiro/Escudo Identitário) e até supremacistas brancos americanos (Proud Boys Portugal)", é vincado.
A teoria da conspiração da 'Grande Substituição' - a alegada substituição da população de um determinado país por imigrantes - comum entre grupos de extrema-direita na Europa e nos EUA, "também se apoderou de partes da extrema-direita portuguesa, com mais de metade dos grupos a divulgarem esta perigosa mentira".
Eis a lista de grupos e partidos identificados pelo GPAHE (e a ideologia de cada, definida pelo relatório):
- Active Club Portugal - de ideologia "neonazi";
- Alternativa Democrática Nacional (ADN) - de ideologia "anti-imigração, anti-LGBTQ+, conspiração";
- Associação Portugueses Primeiro - de ideologia "nacionalista branca, anti-imigração, anti-LGBTQ+, antimulher";
- Blood and Honour (B&H) Portugal - de ideologia "neonazi";
- Chega! - de ideologia "anti-imigração, antimulher, anti-LGBTQ+, anticiganos, conspiração";
- Chega Juventude - de ideologia "nacionalista branca, anti-imigração, antimulher, anti-LGBTQ+";
- Habeas Corpus - de ideologia "conspirativa";
- Ergue-Te/Partido Nacional Renovador (PNR) - de ideologia "nacionalista branca, anti-imigração, antimuçulmana, antigoverno, conspiração";
- Escudo Identitário - de ideologia "nacionalista branca, anti-imigração";
- Força Nova - de ideologia "nacionalista branca, antissemita";
- Movimento Social Nacionalista - de ideologia "nacionalista branca";
- Portugal Hammerskins - de ideologia "neonazi";
- Proud Boys Portugal - de ideologia "nacionalista branca, antimulher".
Os 13 grupos de extrema-direita em Portugal (e quais as ideologias)© Reprodução / Relatório GPAHE
Pode ler o relatório na íntegra aqui, onde são explicitadas em detalhe as 'características' de cada um destes partidos e movimentos.
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