Henrique Gouveia e Melo encontra-se na capital são-tomense para oficializar o fim da missão do NRP "Zaire", e encontrou-se em audiências separadas com o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, e com ministro da Defesa, Jorge Amado.
"Foi com o senhor primeiro-ministro que nós inaugurámos o projeto Zaire e que pensámos no projeto Zaire, nós agora estamos a reformular esse projeto, estamos a dar-lhe uma outra capacidade, uma capacidade mais operativa", disse Gouveia e Melo, no final do encontro com o chefe do Governo são-tomense.
O almirante português anunciou que o NRP "Zaire" será substituído por outro navio, "mais rápido, com mais capacidade de agir mais rapidamente às emergências", que será auxiliado por outra embarcação que também irá operar em São Tomé e Príncipe.
O chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) disse que partilhou com o primeiro-ministro são-tomense "ideias sobre segurança marítima que afeta a região e que afeta todos os que têm transporte marítimo que operam" na região, sublinhando por isso "a união de interesse entre São Tomé e Príncipe e Portugal" nesta zona.
"Nós estamos totalmente empenhados nesta cooperação (...) nós temos que trabalhar mesmo em conjunto, fazer parcerias, enquanto as parcerias forem úteis", defendeu Gouveia e Melo.
Antes, no encontro com o ministro da Defesa são-tomense, Jorge Amado, o CEMA salientou que Portugal "considera São Tomé e Príncipe como um dos parceiros essenciais" da sua estratégia de segurança comum na zona do Golfo da Guiné.
"A nossa presença aqui reflete um sentimento comum que partilhamos com São Tomé e Príncipe de termos um papel importante na região no sentido de garantirmos a segurança da região com o tráfico marítimo e no desenvolvimento pacífico das populações", sublinhou.
Para Gouveia e Melo, a experiência de cinco anos do NRP "Zaire" em São Tomé foi bem sucedida para os elementos dos dois países.
"Essa experiência que nos foi proporcionada aqui de manter um navio, de cooperar com esse navio com uma tripulação conjunta em que estavam portugueses e são-tomenses a trabalhar lado a lado sem nenhuma separação, e manter um navio a 5 mil quilómetros da suas bases sempre operacional e sempre capaz de executar as suas missões é uma coisa única, é quase como uma aventura, mas nesse caso uma aventura bem-sucedida", frisou Gouveia e Melo.
Numa nota enviada à Lusa a embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe destacou que a missão do navio "Zaire" é "revestida de uma natureza única", uma vez que foi operado por uma guarnição mista de 23 militares portugueses e 14 são-tomenses.
"Esta missão permitiu enriquecer de experiência e conhecimentos técnicos de marinharia, por forma a permitir que estes militares santomenses possam no futuro operar meios navais com maior capacidade do que os que atualmente possuem, garantindo a segurança à navegação em todo o seu território marítimo", lê-se no documento.
Além disso, a embaixada portuguesa refere que durante o período superior a cinco anos a missão do NRP "Zaire" promoveu atividades de formação em diversas áreas, nomeadamente saúde, limitação de avarias, abordagem de navios, manutenção.
"Neste período de missão, o 'Zaire' contou com 2.013 dias de missão, tendo percorrido mais de 37 mil milhas. No mar, realizou 19 ações de busca e salvamento, as quais resultaram no salvamento de 18 vidas, 31 ações de fiscalização conjunta, 13 ações de segurança marítima no âmbito da pirataria, oito vistorias a navios no mar e também participou em diversos exercícios internacionais", descreveu a Embaixada de Portugal.
A cerimónia de fim de missão do NRP "Zaire" será realizada no sábado e presidida pelo chefe do Estado-Maior da Armada portuguesa, Henrique Gouveia e Melo.
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