Um grupo de ativistas climáticos decidiu protestar contra as desigualdades sociais no acesso à água e a utilização excessiva desse recurso, especialmente numa altura de seca, entrando em campos de golfe na cidade de Oeiras, na noite de quinta-feira, e enchendo os buracos com cimento.
Num comunicado a que o Notícias ao Minuto teve acesso, o coletivo Climáximo - que é, a par da Greve Climática Estudantil em Portugal, o grupo de ativismo climático mais ativo do país - partilhou fotografias do protesto, onde é possível ver o cimento a ser despejado nos buracos e as novas bandeiras deixadas pela organização.
"Esta noite, ativistas do Climáximo encheram com cimento buracos do campo de golfe em Oeiras, protestando a desigualdade no acesso à água, e a responsabilidade acrescida da alta classe pela crise climática. Trocaram as bandeiras características por outras, onde se lê 'Seca brutal, injustiça social!'. A ação surge após se verificar a semana mais quente desde que há registo, coincidente com uma vaga global de fenómenos climáticos extremos, e mais de 80% do território português estar em seca desde abril", explicou o coletivo.
Ativistas do Climáximo cimentaram buracos do campo de golf em Oeiras, protestando a desigualdade no acesso à água, e a responsabilidade acrescida das classes ricas pela crise climática.
— Climáximo ⌛️ (@ClimaximoPT) July 14, 2023
Depois da semana mais quente desde que há registo, vemos dezenas de fenómenos climáticos… pic.twitter.com/MZ3AXZeTmO
Em Portugal, o Climáximo já protagonizou protestos em que ativistas se sentaram na rotunda de acesso ao aeroporto ou à frente do acesso à refinaria de Sines, procurando alertar para o impacto destes setores na crise climática e nas emissões poluentes.
Sobre o protesto da noite passada, a organização acrescentou que "a crise climática e a escassez de recursos vindoura irão acentuar desigualdades já existentes na nossa sociedade, onde 1% detêm a maior parte da riqueza, enquanto pessoas comuns lutam por uma vida digna".
"É urgente cortar emissões e gerir recursos com vista ao interesse público", reiterou o coletivo, recordando ainda que "o 1% é 72x mais responsável por emitir CO2 que a metade do mundo mais pobre". "Não podemos mais tolerar os luxos dos ultrarricos enquanto o planeta arde à sua conta, e a água comum escasseia", concluiu o comunicado.
O protesto é o mais recente episódio de uma crescente radicalização de ativistas climáticos na Europa. Vários grupos, em países como Alemanha, França, Reino Unido e mesmo em Portugal, defendem que ações mais radicais são necessárias dado o escasso tempo que resta para os governantes tomarem medidas que permitam às próximas gerações viver num planeta habitável.
As ações contra campos de golfe não são novas e já foram registadas em França e em Espanha, onde a situação de seca extrema está a causar uma grave crise no setor agrícola e em vários serviços.
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