No último fim de semana antes do início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a ucraniana Olya Matushiv, 25 anos de idade, dançava alegremente no Jardim de São Pedro de Alcântara, em Lisboa, com a sua mochila amarela florescente do evento, enquanto fotografava Lisboa de noite.
"Sou voluntária das JMJ pela terceira vez", disse Olya, afirmando que há cerca de 40 voluntários ucranianos na JMJ para apoiar os "mais de 500 peregrinos ucranianos" que vêm a Portugal ver o Papa Francisco.
O nicaraguense Miguel M., 33 anos, também é voluntário na JMJ e enquanto relaxava junto do Mercado da Ribeira com vista para o Tejo, conta à Lusa que já visitou a Torre de Belém e que ficou deliciado com o pastel de Nata e a cerveja Super Bock.
Além de vir trabalhar como voluntário para ajudar os peregrinos no evento católico, Miguel deixou uma mensagem de preocupação para com a situação frágil dos fiéis cristãos que estão na Nicarágua, porque estão a ser perseguidos pelo governo do seu país, havendo padres a serem presos e cristãos perseguidos.
"Estamos a lutar. A Igreja está contra o governo da Nicarágua, porque há muita pobreza e deixaram de ajudar os missionários e mandaram fechar a Cruz Vermelha. Também fecharam três jornais nacionais", declarou, preocupado com a situação no país.
A romaria noctívaga ao Bairro Alto, Cais do Sodré, Santos e outras zonas de diversão noturna lisboeta está a ser calma, sem congestionamento de pessoas e sem encontrões e pisadelas.
A circulação das pessoas nas ruas da Atalaia, Barroca, Diário de Notícias, Rosa ou Nova do Carvalho, entre outras, faz-se de forma serena, com um ameno e pacífico convívio entre peregrinos, voluntários, lisboetas e turistas.
A eslovaca Monika, 21 anos e o seu grupo de amigos peregrinos da Eslováquia passeiam a bandeira do país no Bairro Alto, mas por pouco tempo, pois têm que recolher até à meia noite aos seus aposentos para irem no domingo de manhã à missa.
"Estou a gostar de Lisboa e da cerveja Super Bock", disse, revelando que ainda não tiveram muito tempo para conhecer a cidade porque chegaram hoje.
Maria (nome fictício), 19 anos de idade, voluntária portuguesa na parte da coordenação do Palco da Cidade da Alegria, também tem de recolher até às 23h00 ao Colégio Mira Rio e, por essa limitação, não pode ficar muito tempo na animação noturna.
Também preferiu não falar muito do que pode ou não fazer, admitindo que só alguns voluntários têm instruções para falar com a comunicação social, por causa da "desinformação" e das "fake-news" (notícias falsas).
Ao som de Dancing Queen, dos ABBA, duas voluntárias madrilenas (Espanha), Berenice Rodriguez e Wendy, dançam com as suas mochilas amarelas florescentes às costas e contam à Lusa que, antes da Jornada, vieram conhecer a animação noturna de Lisboa e fazer a digestão do hambúrguer que tinham comido ao jantar.
Segundo Hilário Castro, presidente da Associação dos Comerciantes do Bairro Alto, os empresários que têm negócios no Bairro Alto e Cais do Sodré, estão a registar uma maior afluência de clientes em relação ao fim de semana passado.
A afluência de clientes "quase que duplicou".
"Aqui no Bairro Alto e no Cais do Sodré houve um aumento muito significativo de consumos de bebidas e comidas e estará relacionado com o evento da Jornada Mundial da Juventude, até porque a segunda quinzena de julho teve um impacto negativo na faturação e a afluência foi menor do que a esperada", porque com as "férias dos portugueses perderam freguesia", explicou.
Ricardo Tavares, da Associação Portuguesa de Bares e Discotecas, receia, por seu turno, que vá registar quebras de receitas na próxima semana do evento religioso, porque os lisboetas estão a "fugir de Lisboa", e as pessoas que vivem nos arredores estão com "medo de vir para a cidade".
A juntar a essa tendência, os peregrinos "estão alojados em escolas e outras instituições que fecham cedo", explica.
Para sustentar o "receio fundado" que sente, Ricardo Tavares disse que a fatura da noite desta sexta-feira "foi igual à da sexta-feira da semana passada".
Questionado pela Lusa sobre se os empresários da noite de Lisboa tinham preparado alguma 'after-party' ou alguma bebida especial para assinalar a JMJ, Ricardo Tavares afirmou que não foi nada preparado, ao contrário do ano 2010, ano da vinda do Papa João Paulo II, em que houve uma festa denominada "fiéis ao Papa" na discoteca Fiéis ao Bar do Rio.
"Este ano não foi nada preparado, por causa do encerramento das ruas e de algumas estações de metro", disse, observando que até era "um pouco contra natura, pois a Igreja não vê com bons olhos o álcool".
A JMJ decorre em Lisboa de 1 a 6 de agosto e conta com a visita do Papa Francisco.
Leia Também: O que deve reportar como emergência pelo 112? Com a JMJ à porta, recorde