"Eu não queria fazer mal a ela. Só queria saber a verdade, com quem é que ela tinha estado", disse o arguido, no início do julgamento.
O arguido, que está em prisão preventiva, está acusado de homicídio qualificado na forma tentada, violência doméstica e detenção de arma proibida.
O suspeito referiu que o crime ocorreu após a companheira, com quem tem um filho com cerca de 2 anos, ter admitido que o tinha traído. "Comecei a descobrir várias mentiras e foi quando comecei a não saber lidar com a situação", disse, adiantando que começou a consumir drogas e andava de cabeça perdida.
O arguido contou que no dia 19 de julho de 2024 deslocou-se à residência da vítima munido com uma arma, que tinha adquirido ilegalmente, para a ameaçar para ela lhe dizer com quem é que o tinha traído.
"Eu estava nervoso a apontar-lhe a pistola e aquela porcaria acabou por disparar", afirmou.
Apesar de a acusação referir que foram efetuads dois disparos, o arguido disse que só se lembra de ter havido um disparo.
"Só me lembro de ver um, mas disseram-me que foram dois. Eu não tenho muita noção desse acontecimento", referiu, adiantando que ficou a pensar que a companheira tinha falecido.
O arguido contou ainda que depois foi até à casa de banho para ir buscar o filho, que se encontrava sozinho na banheira, e quando regressou ao quarto encontrou a companheira de pé "a sangrar bastante do pescoço".
Em seguida, levou a vítima para o carro e transportou-a para o hospital de Aveiro, onde a rapariga deu entrada com lesões na zona da face por agressões a murro e disparo com arma de fogo.
O arguido referiu ainda que deitou a pistola no caixote de lixo da casa de banho pública do hospital, acabando, mais tarde, por indicar o local onde a arma se encontrava aos inspetores da Polícia Judiciária.
"Apesar de não ser intencionado, acabei por cometer um crime e tenho de pagar por isso", concluiu o arguido, pedindo perdão à mãe do filho, ao filho, à família dela e à sua família.
O arguido admitiu ainda que antes destes factos havia discussões no seio do casal, mas negou as agressões à companheira.
Durante a sessão, o coletivo de juízes também ouviu a vítima, que pediu para prestar declarações sem a presença do arguido na sala de audiências.
A rapariga contou que estava a dar banho ao filho quando o arguido tocou à campainha e, ao abrir a porta, deparou-se com aquele a apontar-lhe uma arma, tendo ido para o quarto para se refugiar e deitado na cama, protegendo-se com umas almofadas.
Referiu ainda que o arguido lhe deu bofetadas e murros e ficou cerca de um minuto ou dois a olhar para ela, com a arma a cerca de 10 centímetros da sua cara, "a ver para onde é que ia atirar".
A vítima, que esteve internada meio ano, continuando a ser seguida em psiquiatria, diz que temeu pela vida e, atualmente, tem medo de sair à rua sozinha.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), os factos ocorreram no dia 19 de julho de 2024, quando o arguido se dirigiu à residência da vítima em Águeda, com o pretexto de ir visitar o filho.
Uma vez no interior, o arguido terá empunhado a arma que trazia consigo, efetuando dois disparos na direção da vítima, sendo que, "pelo menos, um deles foi efetuado na direção da cabeça, vindo a atingi-la na região inframandibular".
A acusação refere ainda que, no período compreendido entre os dias 11 e 19 de julho de 2024, o arguido injuriou e ameaçou a vítima, desferiu-lhe duas bofetadas e cuspiu-lhe igualmente na face.
O MP requereu o arbitramento de uma indemnização à vítima.
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