Desde cedo que as pessoas começaram a acumular-se junto às grades que delimitam o perímetro de segurança onde se concentram os jornalistas e forças oficiais, em torno do Palácio de Belém, nomeadamente no Jardim Afonso de Albuquerque e junto ao Museu dos Coches.
Às 09h40, a passagem de caças da Força Aérea no ar denunciava a chegada do avião do Papa Francisco ao aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, onde irá presidir à Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o que arrancou aplausos aos populares concentrados no local.
Na linha da frente da área destinada aos crentes e peregrinos estavam três nigerianas, que contaram à agência Lusa ter chegado ao local às 07:30 para tentarem ver o Papa Francisco do melhor ângulo possível.
"Acordámos cedo para sermos as primeiras e para estarmos aqui para dizer diretamente que o amamos e que rezamos por ele todos os dias", contou Adaobi, que viajou desde a Nigéria com Martha e Fona.
Com um ar visivelmente cansado, contaram à Lusa que tinham estado na terça-feira em Fátima, sendo esta a primeira vez que estão em Portugal, onde tencionam ficar toda a semana.
Ulrica Marques chegou a Belém pelas 08h15, mas também conseguiu assegurar lugar na primeira fila, junto às baias que asseguram o perímetro de segurança. Terá de esperar mais de duas horas até à chegada do Papa Francisco, mas está certa de que valerá a pena.
"Sendo católica, sinto que o Papa é uma figura que nos representa a todos, na maneira de pensar, nas ideologias com que nos guia e nos dá esta alegria de viver e de esperança de que algo melhor vai acontecer. Não podemos ficar indiferentes àquilo que está a acontecer em Lisboa", disse à Lusa.
Sentimento semelhante moveu também Mateus e Vitória, brasileiros a viver em Portugal, a poucos minutos do Palácio de Belém.
"Viemos na expectativa de conseguir ver o Papa, mesmo que seja de longe", sublinharam os dois jovens.
A viagem de Emily Lencaster de casa até ali foi igualmente curta, mas ao contrário da maioria que pelas 09:00 ia já ocupando o Jardim Afonso de Albuquerque, foi sobretudo com a intenção de dar visibilidade ao seu protesto pelo ambiente e o que traz consegue chamar a atenção.
"Este vestido é feito de três meses de faturas do meu consumo normal e mostra que qualquer pessoa gera esta quantidade de lixo", explicou, referindo que decidiu estar hoje em Belém porque sabia que a chegada do Papa Francisco iria reunir muita gente, mas deixando também críticas à organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
"Há muito dinheiro que tem sido gasto com este evento, quando a nossa prioridade deveria ser a sustentabilidade", defendeu.
Ostentando uma bandeira da Guatemala estavam Katherine e Lucia Perez, que chegaram à zona às 08:30, naquela que é a sua primeira viagem a Portugal, depois de já terem feito uma visita a Fátima.
Questionadas sobre o que gostariam de dizer ao Papa, disseram que lhe pediriam para interceder pelo seu país e rezar pela paz no mundo.
"Como jovens, gostávamos de pedir que nos ajude a ter mais força para trabalhar no sentido de trazer o reino de Deus para o mundo", afirmou Lucia.
O Papa é recebido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e duas crianças, em trajes tradicionais, que oferecem flores a Francisco.
Após a receção oficial, decorre uma cerimónia de boas-vindas, na entrada principal do Palácio de Belém, onde, às 11h15, o Papa faz uma visita de cortesia ao Presidente da República.
Segue-se um encontro com autoridades, sociedade civil e corpo diplomático, no Centro Cultural de Belém.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa na JMJ, que começou na terça-feira e termina no domingo.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a jornada nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II (1920-2005), após um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
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