JMJ: Papa ouve testemunho sobre guerra em Moçambique na vigília

Os testemunhos de uma jovem moçambicana, vítima da guerra em Cabo Delgado, e de um padre português que descobriu a vocação após um acidente grave marcaram hoje a Vigília da Jornada Mundial da Juventude, no Parque Tejo, em Lisboa.

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© Photo by MIGUEL RIOPA/AFP via Getty Images

Lusa
05/08/2023 22:20 ‧ 05/08/2023 por Lusa

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Maria Luís, de 18 anos, contou como a sua vida e a da família se transformaram "com os ataques terroristas" em Cabo Delgado nos últimos dois anos.

"Em nenhum momento perdemos a nossa fé", disse, depois de explicar que todos foram obrigados a "fugir para o mato", a caminhar "sem saber o que fazer", "sem comida nem água".

Maria Luís testemunhou que ela e a família têm "sido acolhidos nas paróquias" onde foram morar, mas sentem muitas saudades da aldeia, dos "costumes, cantos e danças".

"Mas no meio de todo o sofrimento nunca perdemos a fé a esperança de que um dia vamos reconstruir de novo a nossa vida", afirmou, perante um milhão e meio de peregrinos espalhados pelo recinto.

O objetivo da Vigília, segundo a organização da JMJ, é aprofundar em cada um o desejo de continuar a louvar a Deus e a servir os outros, no regresso a casa, depois de uma semana de partilhas naquele que é considerado o maior evento da Igreja Católica.

O servir a Deus e aos outros foi o que o padre António Ribeiro de Matos, de 33 anos, percebeu ser a sua missão depois de um acidente de carro, em 2011, que o deixou gravemente ferido.

"Percebi que se a minha peregrinação na Terra tivesse terminado naquele momento, a minha vida não tinha valido a pena", disse.

António Ribeiro de Matos afirmou que foi ordenado padre em 2021 "para procurar levar aos outros a alegria de encontrar Cristo, de ser encontrado por Ele".

A Vigília, presidida pelo Papa Francisco, arrancou por volta das 20:45 e durou quase uma hora e meia.

A sessão dividiu-se em duas partes: a primeira mais performativa e a segunda dedicada à adoração do Santíssimo.

Jovens agradeceram a vida, a família e amigos, mas também pediram "pelos povos em guerra" e "por escolhas certas".

Os abandonados, os que não encontram sentido para as suas vidas e pensam em suicídios, os refugiados, as prostitutas e os toxicodependentes foram referenciados.

Durante a Vigília, o coro Mãos que Cantam, composto por seis pessoas surdas dirigidas pelo maestro Sérgio Peixoto, interpretou coreograficamente as músicas em língua gestual portuguesa.

O elenco do Ensemble23, composto por 50 jovens de 50 nacionalidades, e o coro e a orquestra da JMJ 2023, com 210 cantores e 100 músicos das dioceses portuguesas, sob a batuta da maestrina Joana Carneiro, marcaram também esta sessão.

Entre as peças musicais da vigília ouviu-se "Et Misericórdia", de Kim André Arnesen, "Ave verum", de Eurico Carrapatoso, e "Estrela", da fadista Carminho e interpretada pela própria.

Nos ecrãs gigantes espalhados pelo recinto surgiu a frase "Estou a falar contigo", em várias línguas, e no céu um conjunto de drones escreveu, também em várias línguas, expressões como "Levanta-te" e "Segue-me".

Após terminar a Vigília, o Papa abandonou o recinto.

Esta sessão antecedeu a missa final da JMJ, no domingo, às 09:00, após a qual Francisco anunciará a cidade que acolherá a próxima jornada.

 

Leia Também: JMJ: Um milhão e 500 mil pessoas no Parque Tejo para vigília com Papa

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